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quarta-feira, 6 de março de 2013

A história é cruel porque traz a verdade cedo ou tarde, mas traz.


Merval diz que holofotes fazem mal a Barbosa


Parece piada, mas não é: depois de ajudar a reger o julgamento mais midiático da história do País, o colunista Merval Pereira, do Globo, argumenta que a exposição na mídia pode estar sendo prejudicial ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, que, ontem, agrediu um repórter do jornal Estado de S. Paulo; na verdade, os holofotes fizeram mal ao Judiciário, à imprensa e, sobretudo, aos réus 

247 - O jornalista Merval Pereira, colunista do Globo, desta vez, superou os próprios limites. Como se sabe, ele foi muito mais do que um observador isento e distante do julgamento da Ação Penal 470. 

Como representante direto do maior meio de comunicação do País, ele foi quase um assistente de acusação no processo. 

Apontou teses que, depois seriam encampadas por alguns ministros, perseguiu desafetos na corte e, no fim, foi premiado com um prefácio do ex-presidente do STF, Carlos Ayres Britto, no seu livro "Mensalão". 

De certa forma, como voz da Globo no processo, ele ajudou a reger o espetáculo mais midiático da história do Judiciário brasileiro, que consagrou como herói Joaquim Barbosa. 

Agora, diante da constatação de que Barbosa talvez seja um agressor em série, Merval Pereira argumenta que os holofotes da mídia talvez estejam fazendo mal à personalidade do juiz. 

Na verdade, os holofotes fizeram mal a todos os ministros, ao Judiciário como um todo, à imprensa e, sobretudo, aos réus – que foram submetidos ao julgamento de personagens como o próprio Merval. 

Abaixo, a coluna do jornalista: 

Os holofotes - MERVAL PEREIRA O GLOBO - 06/03 

Parece que estávamos adivinhando. 

No lançamento do meu livro, em São Paulo, na segunda-feira, conversava com o Carlos Alberto Sardenberg sobre o sucesso que o presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, havia feito em Trancoso, no fim de semana anterior, aplaudido de pé durante vários minutos pela plateia do festival internacional de música. 

Sua presença, aliada ao fato de que estava acompanhado de uma jovem namorada, foi o assunto dominante no fim de semana. 

Ontem, conversamos na CBN sobre a popularidade dos ministros do Supremo depois do julgamento do mensalão, e Sardenberg se preocupava com as consequências desses holofotes sobre o comportamento dos ministros, que por onde passam são objeto de homenagens pelos populares. 

Analisei a questão por dois ângulos, um positivo, outro negativo: a confiança dos cidadãos no Supremo, e a possibilidade de um ministro se deslumbrar com a súbita fama e passar a dar mais atenção à opinião pública do que à letra fria da lei, como acusam os ministros de terem feito no julgamento do mensalão. 

Não acredito que se os ministros do Supremo tivessem se reunido a portas fechadas, sem a televisão ao vivo e a cores, o resultado fosse diferente, isto é, não concordo com os que consideram que as condenações foram fruto de pressões da opinião pública sobre os ministros. 

O fato de os ministros do Supremo estarem sendo vistos pela população como personagens importantes significa que a atuação deles no mensalão foi aprovada pela opinião pública, e é bom para a democracia que um dos Poderes da República seja reconhecido como instrumento de fazer Justiça. 

O que seria ruim é se um dos ministros hoje em evidência passasse a se exibir como se fosse celebridade, buscasse os holofotes. 

E mesmo se surgisse como candidato a algum cargo político, como se fala de Joaquim Barbosa para a Presidência da República e ou da ministra Eliana Calmon para governadora da Bahia. 

Todas as atitudes que tomaram até hoje, e que contaram com o apoio da opinião pública na maioria das vezes, passariam a ser vistas como se tivessem sido geradas justamente com o objetivo de torná-los famosos e populares para que entrassem na política. 

Com relação a Joaquim Barbosa, havia além das questões de saúde, seu temperamento irascível e a falta de tarimba política, que o tornam avesso aos acertos por baixo dos panos e incapaz de ouvir desaforo sem responder imediatamente, como vimos várias vezes no julgamento do mensalão. 

Esses "defeitos" do ponto de vista da política tradicional podem torná-lo um candidato atraente para eleitores que já estão cansados dessa maneira de se fazer política, mas tornariam extremamente difíceis os acordos partidários que teria forçosamente de fazer. 

O destempero de ontem com um jornalista, a quem mandou "chafurdar no lixo", é uma prova de que os holofotes estão sendo prejudiciais a Joaquim Barbosa. 

Se desculpar em seguida não apaga a ação. 

Postado por Helio Borba

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