“Quem assistiu ao Jornal Nacional na segunda-feira 12 não teve propriamente uma surpresa, mas talvez tenha dado boas gargalhadas ao ver a reportagem sobre a queda de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF.
Como muitos disseram no Twitter na manhã do dia seguinte, o espaço dado ao cartola parecia mais o Arquivo Confidencial do Faustão do que propriamente uma reportagem jornalística.
A introdução de Patricia Poeta já dava as proporções:
“Ao longo de uma gestão de mais de duas décadas, a seleção tricampeã se tornou penta. Teixeira colecionou vitórias, mas também desafetos. E enfrentou denúncias”.
Ou seja: as denúncias ficariam entaladas em apenas 22 segundos no final da reportagem, que teve ao todo 3:39 minutos. E com todas as ressalvas: “Ao longo da carreira, Ricardo Teixeira foi alvo de denúncias. Diante de todas elas, Teixeira sempre disse que as acusações eram falsas e tinham caráter político”, afirmou o Jornal Nacional.
E prosseguiu:
“A denúncia mais contundente foi a de que ele e um grupo ligado à Fifa teriam recebido dinheiro de forma irregular nas negociações de uma empresa de marketing esportivo, em 1999. Viu os processos serem arquivados pela Justiça.”
Neste trecho, a reportagem omite um detalhe (RISOS) importantíssimo: é verdade, sim, que o processo do caso da empresa de marketing esportivo, a ISL, foi arquivado pela Justiça suíça.
Porém, segundo a BBC britânica, o arquivamento só ocorreu porque Teixeira e os outros envolvidos, seu ex-sogro João Havelange e o atual presidente da Fifa Joseph Blatter, assumiram terem cobrado a propina e devolveram parte do valor.
É uma maneira válida de arquivamento de processo para a Justiça suíça – o que não pode, em hipótese alguma, ser um salvo-conduto de inocência para Ricardo Teixeira, como pareceu na reportagem.”
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