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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Bob Fernandes e o triângulo "amoroso entre Demóstenes, Cachoeira e Gilmar".



Demóstenes Torres é procurador de justiça. Ele sabe que ninguém pode ser acusado sem provas. Nos últimos anos, Senador pelo DEM, 


Demóstenes se tornou célebre. Viveu nas manchetes. 


Quase sempre acusando alguém dos governos petistas.


Quase sempre por corrupção. Quase sempre antes mesmo de existir qualquer prova. Agora, o Senador Demóstenes é quem está sendo acusado. 


Fruto de uma investigação da Polícia Federal, Demóstenes é acusado de manter estreitas ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso pela mesma PF. 


Segundo trechos de grampos telefônicos, Demóstenes teria recebido uma cozinha de presente de Cachoeira. E também três mil reais para pagar um taxi-aéreo,além de um celular de Miami, supostamente seguro. Isso, por ora, é apenas suspeição. Isso não é prova. 


Demóstenes foi, também, personagem em outro célebre caso. 


Em 2008, no rastro da Operação Satiagraha, aquela que prendeu o banqueiro Daniel Dantas e mais uns 20, a revista Veja informou que Gilmar Mendes Demóstenes e teriam sido grampeados pela ABIN. 


Mendes, o ministro do Supremo que concedeu dois habeas-corpus para Daniel Dantas, e Demóstenes, reforçaram a informação. 


Mais: Gilmar Mendes, acompanhado de outros ministros, foi até o Palácio do Planalto para, como ele mesmo disse, "Chamar o presidente Lula às falas". Nunca, ninguém ouviu o suposto grampo. Um grampo, aliás, raríssimo na história da espionagem: um grampo a favor. 


Nesse grampo, os dois, Demóstenes e Gilmar se saiam bem. Não diziam nada impróprio. Dois anos depois a PF deu o veredito: não encontrou pista de grampo algum. Muito menos ainda de ter sido feito pela ABIN.


Mas o tal grampo que ninguém ouviu e que, ao que parece nunca existiu, cumpriu sua missão à época: Ali, à parte seus acertos e erros, a Operação Satiagraha começou a ser enterrada. Ali, com a denúncia do tal grampo, foi encerrada a brilhante carreira do então Chefe da ABIN, Paulo Lacerda. Paulo Lacerda, o delegado que refundou a Polícia Federal. O delegado que, desde a prisão de PC Farias, comandara centenas de operações e prisões de criminosos de colarinho branco.


Lacerda, um policial honesto e respeitado,foi para o exílio,em Portugal. 


Demóstenes seguiu brilhando. No congresso e na mídia. 


Agora, é Demóstenes quem está no Pelourinho da Mídia. E não está só. Informou ontem a Folha de S.Paulo que uma enteada do ministro Gilmar Mendes, aquele mesmo Gilmar Mendes, é assessora parlamentar no gabinete de... Demóstenes.


Que, como Senador, só pode ser julgado pelo Supremo Tribunal. Onde está Gilmar Mendes. Até que existam provas, Demóstenes não é culpado de nada. O senador é, por enquanto, vítima de uma trama do destino: que pôs no seu caminho esse dantesco enredo de dois grampos. Um, que ninguém ouviu. Outro, que está todo mundo ouvindo.


Postado por olhosdosertão

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