Demóstenes se tornou célebre. Viveu nas manchetes.
Quase sempre acusando alguém dos governos petistas.
Quase sempre por corrupção. Quase sempre antes mesmo de existir qualquer prova. Agora, o Senador Demóstenes é quem está sendo acusado.
Fruto de uma investigação da Polícia Federal, Demóstenes é acusado de manter estreitas ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso pela mesma PF.
Segundo trechos de grampos telefônicos, Demóstenes teria recebido uma cozinha de presente de Cachoeira. E também três mil reais para pagar um taxi-aéreo,além de um celular de Miami, supostamente seguro. Isso, por ora, é apenas suspeição. Isso não é prova.
Demóstenes foi, também, personagem em outro célebre caso.
Em 2008, no rastro da Operação Satiagraha, aquela que prendeu o banqueiro Daniel Dantas e mais uns 20, a revista Veja informou que Gilmar Mendes Demóstenes e teriam sido grampeados pela ABIN.
Mendes, o ministro do Supremo que concedeu dois habeas-corpus para Daniel Dantas, e Demóstenes, reforçaram a informação.
Mais: Gilmar Mendes, acompanhado de outros ministros, foi até o Palácio do Planalto para, como ele mesmo disse, "Chamar o presidente Lula às falas". Nunca, ninguém ouviu o suposto grampo. Um grampo, aliás, raríssimo na história da espionagem: um grampo a favor.
Nesse grampo, os dois, Demóstenes e Gilmar se saiam bem. Não diziam nada impróprio. Dois anos depois a PF deu o veredito: não encontrou pista de grampo algum. Muito menos ainda de ter sido feito pela ABIN.
Mas o tal grampo que ninguém ouviu e que, ao que parece nunca existiu, cumpriu sua missão à época: Ali, à parte seus acertos e erros, a Operação Satiagraha começou a ser enterrada. Ali, com a denúncia do tal grampo, foi encerrada a brilhante carreira do então Chefe da ABIN, Paulo Lacerda. Paulo Lacerda, o delegado que refundou a Polícia Federal. O delegado que, desde a prisão de PC Farias, comandara centenas de operações e prisões de criminosos de colarinho branco.
Lacerda, um policial honesto e respeitado,foi para o exílio,em Portugal.
Demóstenes seguiu brilhando. No congresso e na mídia.
Agora, é Demóstenes quem está no Pelourinho da Mídia. E não está só. Informou ontem a Folha de S.Paulo que uma enteada do ministro Gilmar Mendes, aquele mesmo Gilmar Mendes, é assessora parlamentar no gabinete de... Demóstenes.
Que, como Senador, só pode ser julgado pelo Supremo Tribunal. Onde está Gilmar Mendes. Até que existam provas, Demóstenes não é culpado de nada. O senador é, por enquanto, vítima de uma trama do destino: que pôs no seu caminho esse dantesco enredo de dois grampos. Um, que ninguém ouviu. Outro, que está todo mundo ouvindo.
Postado por olhosdosertão
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