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domingo, 1 de abril de 2012

VEJAM ESSA! Esqueçam Policarpo: o chefe é Civita


"Se a Justiça e o Ministério Público não tiverem coragem de ir a fundo nessa investigação, sugiro que tranquem o Brasil e entreguem a chave a Civita e a Cachoeira."



Por Luis Nassif, em seu blog: Veja se antecipou aos críticos e divulgou um dos grampos da Policia Federal em que o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o araponga Jairo falam sobre Policarpo. Pinça uma frase – “o Policarpo nunca vai ser nosso” – para mostrar a suposta isenção do diretor da Veja em relação ao grupo. É uma obviedade que em nada refresca a situação da Veja. 


Policarpo realmente não era de Carlinhos Cachoeira. Ele respondia ao comando de Roberto Civita. 


E, nessa condição, estabeleceu o elo de uma associação criminosa entre Cachoeira e a Veja. Não haverá como fugir da imputação de associação criminosa. E nem se tente crucificar Policarpo ou o araponga Jairo ou esse tal de Dadá. O pacto se dá entre chefias – no caso, Roberto Civita, pela Abril, Cachoeira, por seu grupo. Como diz Cachoeira, “quando eu falo pra você é porque tem que trabalhar em grupo. Tudo o que for, se ele pedir alguma informação, você tem que passar pra mim as informações, uai”. 


O dialogo abaixo mostra apenas arrufos entre subordinados – Jairo e Policarpo. 


Os seguintes elementos comprovam a associação criminosa: 


1- Havia um modus operandi claro. Cachoeira elegeu Demóstenes. Veja o alçou à condição de grande líder politico. E Demóstenes se valeu dessa condição – proporcionada pela revista – para atuar em favor dos dois grupos. 


2- Para Cachoeira fazia trabalho de lobby, conforme amplamente demonstrado pelas gravações até agora divulgadas. 


3- Para a Veja fazia o trabalho de avalizar as denúncias levantadas por Cachoeira. 


Havia um ganho objetivo para todos os lados: 


1- Cachoeira conseguia afastar adversários, blindar-se contra denúncias e intimidar o setor público, graças ao poder de que dispunha de escandalizar qualquer fato através da Veja. 


2- A revista ganhava tiragem, impunha temor e montava jogadas políticas. O ritmo frenético de denúncias – falsas, semi-falsas ou verdadeiras – conferiu-lhe a liderança do modelo de cartelização da mídia nos últimos anos. Esse poder traz ganhos diretos e indiretos. Intimida todos, anunciantes, intimida órgãos do governo com os quais trabalha. 


3- O maior exemplo do uso criminoso desse poder está na Satiagraha, nos ataques e dossiês produzidos pela revista para atacar Ministro do STJ que votou contra Daniel Dantas e jornalistas que ousaram denunciar suas manobras. 


Em “O caso de Veja”, no capítulo “O repórter e o araponga” narro detalhadamente – com base em documentos oficiais – como a cumplicidade entre as duas organizações permitiu a Cachoeira expulsar um esquema rival dos Correios e se apossar da estrutura de corrupção, até ser desmantelado pela Polícia Federal. 


E mostra como a Veja o poupou, quando a PF explodiu com o esquema.


Civita nem poderá alegar desconhecimento desse ganho de Cachoeira porque a série me rende cinco ações judiciais por parte da Abril - sinal de que leu a série detalhamente. 


Os próprios diálogos divulgados agora pela Veja mostram como se dava o acordo: 


Cachoeira: Esse cara aí não vai fazer favor pra você nunca isoladamente, sabe? A gente tem que trabalhar com ele em grupo. Porque os grande furos do Policarpo fomos nós que demos, rapaz. Todos eles fomos nós que demos. Então é o seguinte: se não tiver um líder e a gente trabalhar em conjunto... Ele pediu uma coisa? Você pega uma fita dessa aí e ao invés de entregar pra ele fala: "Tá aqui, ó, ele tá pedindo, como é que a gente faz?". Entendeu? Desde 2008 – quando escrevi o capítulo – sabia-se dessa trama criminosa entre a revista e o bicheiro. 


Ao defender Policarpo, a revista, no fundo, está transformando-o em boi de piranha: o avalista do acordo não é ele, é Roberto Civita. 


Em Londres, a justiça processou o jornal de Rupert Murdoch por associação indevida com fontes policiais para a obtenção de matérias sensacionalistas. 


Aqui, Civita se associou ao crime organizado. Se a Justiça e o Ministério Público não tiverem coragem de ir a fundo nessa investigação, sugiro que tranquem o Brasil e entreguem a chave a Civita e a Cachoeira. 


Postado por Miro 

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