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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

COLOCANDO UMA 'SAIA JUSTA' NA IMPRENSALONA...

Decano do jornalismo detona imprensa no mensalão


Para se chegar à verdade, é preciso admitir quando se dizem versões 

Ânimos a flor da pele no jornalismo. 

O Brasil assistiu na noite de segunda-feira a uma rara e contundente autocrítica no campo da grande mídia, quase sempre imersa em seu próprio corporativismo. 

No programa Roda Viva, da TV Cultura, o jornalista Janio de Freitas detonou a cobertura do mensalão pela imprensa.  (assista aqui) 

Pela pressão imensa que exerceram às vésperas do julgamento, em prol da condenação, disse ele, os jornais perderam a autoridade moral para fazer uma avaliação justa. 

Janio de Freitas tem oitenta anos de idade e há trinta escreve uma das mais prestigiosas colunas do jornalismo político, na Folha de S. Paulo. O recado que deu foi dirigido a todos os grandes jornais, inclusive ao seu. 

Do alto de uma experiência de quase seis décadas de profissão, Janio criticou no programa a qualidade da produção dos jornais, a falta de leitura crítica dos colegas e a mesmice das edições que faz com que as publicações se confundam nas bancas. 

Mas foi para as notícias sobre o julgamento, que deixou a observação mais severa: “Não é que o jornal não possa ter uma opinião política sobre determinado assunto – explicou o decano do jornalismo. Como empresa privada, tem pleno direito a escolher a linha que quiser, mas jamais suportando o discurso da neutralidade e da imparcialidade”. 

É inadmissível essa conduta enviesada – completou. 

Muito além da longeva experiência, a lucidez de Janio de Freitas por si só é desconcertante. O ponto destacado é de fato o mais relevante na construção daquilo que se costuma chamar de opinião pública. 

Quando o órgão de imprensa assume claramente sua posição, pode participar, mesmo que às vezes de forma agressiva, na formação desta opinião pública. 

Mas quando a esconde nas entrelinhas, nas mensagens subliminares ou nos títulos provocativos, busca simplesmente fazer da sua, a opinião do público. É a versão se travestindo em verdade. 

Essa falsa neutralidade agride não apenas quando mascara a posição, mas, sobretudo, quando se distingue daqueles que a assumem. 

Arroga-se uma credibilidade ancorada justamente na linha divisória de quem não tem preferências, e por isso mesmo, não carregaria suspeições. 

A “conduta enviesada”, assim, não é apenas omissa, mas ensimesmada e excludente. 

A questão pode ser vista mais claramente na forma como se acolhem as partes em um julgamento criminal. Tomar a acusação como referência imparcial e a defesa como suspeita, por exemplo, é o erro mais frequente de quem supõe expressar um juízo isento – e, infelizmente, não ocorre apenas na imprensa. 

Fazer do acusador uma espécie de juiz afronta a ideia central do processo penal democrático e reedita os tempos negros do chamado, não à toa, sistema inquisitorial. Para se chegar à verdade, é preciso admitir quando se dizem versões. 

Marcelo Semer 
No Sem Juízo

do blog Com Texto Livre

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