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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

FHC - Esqueçam o que escrevi 2


FHC agora não fala mais em esquecer o povão. 

Pelo menos é o que se depreende da leitura de seu artigo "Hora de balanço", publicado neste domingo, em alguns jornais do País. 

O ex-presidente agora inverteu a posição da classe C na equação tucana. Mas quem de fato anda à cata de uma "identificação social própria" não é a classe média. É o próprio PSDB. 

Antonio Lassance 

FHC agora não fala mais, textualmente, em esquecer o povão. Pelo menos é o que se depreende da leitura de seu artigo "Hora de balanço" (publicado neste domingo, 4/11, em alguns jornais do País). 

O ex-presidente diz: 

"O PSDB, como escrevi tantas vezes, deve se dirigir aos mais pobres, mas também às classes médias, tanto às antigas como às camadas que aumentaram a renda, mas ainda não têm identificação social própria". 

O "como escrevi tantas vezes" traz imediatamente à memória o artigo "O papel da oposição", publicado em 2011 na revista Interesse Nacional. 

Lá se expressa um pensamento diametralmente oposto. 

O recado foi entendido à época como: esqueçam os pobres, pois eles estão irremediável vinculados ao PT. 

Concentrem-se na classe média, principalmente a classe C, que está crescendo e se tornando majoritária - portanto, tem votos suficientes para ganhar eleições. 

De forma bastante categórica, o artigo de 2011 não deixava margem a dúvidas: 

"Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os "movimentos sociais" ou o "povão", isto é, sobre as massas carentes e pouco informadas, falarão sozinhos. 

Isto porque o governo "aparelhou", cooptou com benesses e recursos as principais centrais sindicais e os movimentos organizados da sociedade civil e dispõe de mecanismos de concessão de benesses às massas carentes mais eficazes do que a palavra dos oposicionistas, além da influência que exerce na mídia com as verbas publicitárias. 

Sendo assim, dirão os céticos, as oposições estão perdidas, pois não atingem a maioria. 

Só que a realidade não é bem essa. 

Existe toda uma gama de classes médias, de novas classes possuidoras (empresários de novo tipo e mais jovens), de profissionais das atividades contemporâneas ligadas à ti (tecnologia da informação) e ao entretenimento, aos novos serviços espalhados pelo Brasil afora, às quais se soma o que vem sendo chamado sem muita precisão de "classe c" ou de nova classe média". 
[...] 

"É a estes que as oposições devem dirigir suas mensagens prioritariamente, sobretudo no período entre as eleições, quando os partidos falam para si mesmo, no Congresso e nos governos". 

Impossível ser mais claro: o povão não é prioridade para o PSDB. 

A prioridade seria supostamente a classe C, ou "nova classe média". Este era o recado. 

Como a mudança de discurso vem na esteira de um balanço das eleições municipais de 2012, entende-se que principalmente o revés sofrido em S. Paulo pode ter falado mais alto. 

FHC talvez seja o primeiro a reconhecer que as derrotas amargadas em 2002, 2006 e 2010 foram mais que eventos episódicos. 

Pode ser que os tucanos, "quae sera tamem", tenham começado a compreender que as perdas eleitorais sucessivas foram fruto não só da estratégia bem sucedida do PT quanto da orientação programática equivocada que o PSDB e seus aliados abraçaram no longo prazo. 

Equívocos que se reverberaram pelo Estado de S. Paulo e fragilizaram suas perspectivas de formar uma coalizão nacional mais competitiva nas próximas eleições presidenciais. 

O ex-presidente agora inverteu a posição da classe C na equação tucana. Na frase exposta, esta classe deixou de figurar como "prioritária" para virar um "mas também". 

Mesmo assim, o balanço de FHC termina com um ato falho. 

Revela-se uma visão estratosférica e estereotipada da dita classe C. 

A frase sobre as "camadas que aumentaram a renda, mas ainda não têm identificação social própria" sugere que os emergentes são "ainda" pobres de espírito e andam órfãos em busca de quem lhes dê uma razão de ser. 

De novo erram o alvo do problema a ser por eles enfrentado. Na verdade, quem de fato anda à cata de uma "identificação social própria" não é a classe média. É o próprio PSDB. 

Antonio Lassance é cientista político e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente opiniões do Instituto. 

do blog O TERROR DO NORDESTE 

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