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terça-feira, 2 de abril de 2013

Assentamento Contestado desenvolve novo modelo de produção de alimentos


Por Riquieli Capitani
Da Página do MST


No dia 7 de fevereiro de 1991, 40 famílias da região de Curitiba, Balsa Nova, Lapa e outras regiões do Paraná, ocuparam a Fazenda Santa Amélia, localizada a 70 quilômetros de Curitiba, da capital paranaense (na foto ao lado).
Conquistar a terra, poder produzir e sobreviver da sua produção, ter acesso a educação, cultura e saúde eram os objetivos daquelas famílias.
A fazenda que até então pertencia ao grupo Incepa, empresa produtora de cerâmica, que contraiu dividas com bancos. Em dezembro de 1991, após alguns meses da ocupação, foi destinada a fins da Reforma Agrária, assentando 108 famílias.
A área passou a ser conhecida como Assentamento Contestado, uma homenagem das famílias sem terras aos trabalhadores rurais que lutaram na Guerra do Contestado (1992 à 1916).
Após 14 anos de assentamento, saltam aos olhos as conquistas que as famílias tiveram. No sábado (10/3), as famílias assentadas realizaram uma grande festa para comemorar o 14º aniversário do assentamento. Foram aproximadamente 500 pessoas participando do momento comemorativo.
O ato político reuniu assentados, autoridades municipais, estaduais e federais como, a prefeita da Lapa Leila Klenko, o deputado federal Dr. Rosinha, o deputado estadual Professor Lemos, o representante do Incra Nilton Bezerra Guedes, os representantes da Universidade Federal do Paraná Gracialino Dias e Maria Emília, além de amigos e apoiadores da Reforma Agrária.
Para encerrar o dia festivo, foi servido o almoço, quirera, rizoto e outros alimentos, que foi produzido por 13 homens do assentamento.
Hoje, o assentamento se destaca pela produção de alimentos. São cerca de 85 itens de produtos diferentes, desde hortaliças, tubérculos até a apicultura, sendo que, atualmente são 79 famílias certificadas produzido alimentos sem nenhum tipo de veneno.
Os gêneros alimentícios produzidos pelos assentados são entregues em várias entidades filantrópicas e carentes da região metropolitana de Curitiba, por meio do Projeto de Aquisição de Alimentos (PAA) do governo federal.
A comercialização é administrada pela cooperativa dos assentados, Terra Livre, operacionalizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.
O projeto teve inicio em 2004 com 15 famílias envolvidas, atualmente conta com 82 famílias. São beneficiadas diretamente a organizações, como o Hospital Erasto Gaertner (referência, no estado, no tratamento de diversos tipos de câncer), a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), e o Centro de Formação Urbano e Rural Irmã Araújo (Cefuria) de Curitiba.
O Cefuria recebe os produtos e faz a distribuição para outros 40 grupos da capital, como a Associação de Carrinheiros. Durante a semana são entregas 7 mil quilos de alimentos, desse total são cerca de 85% orgânicos.
Os assentados têm outras formas de venda de alimentos, como comercializar diretamente ao consumidor. Além disso, está em fase de instalação de uma agroindústria de beneficiamento da produção de vegetal para melhorar e qualificar a produção de alimentos e comercialização dos alimentos.
Educação
Além de ser destaque na produção, o assentamento também demonstra sua força na organização da educação, pois conta com todos os níveis de ensino educacional, desde o ensino de educação infantil, à graduação. Nem sempre foi sempre. Só depois de 13 anos de muita luta foi construída a Escola Municipal e o Colégio Estadual Contestado.
Para Sandra Mara, coordenadora do setor de educação do assentamento, a escola é garantia de que as crianças, jovens e adultos permaneçam no campo e que não percam suas raízes. “Podemos fazer a nossa escola. Tem muita luta, mas também tem muito do nosso jeito de fazer, até mesmo pelo processo de luta para conquistar a escola. A escola existe porque nós queremos e compreendemos como um direito”.
Sandra acrescenta que a estrutura educacional dentro do assentamento dá vida à comunidade. “Ter uma escola no assentamento é ter um encontro diário da comunidade, entre os educandos e educadores, em vários momentos com os pais, são as festas, comemorações, discussões que envolvem as famílias. Aqui a comunidade está sempre sendo valorizada e presente dentro da escola.”
A unidade educacional tem cinco salas de aula, biblioteca, refeitório, cozinha, sala dos professores e diretores, beneficiando, atualmente cerca de 300 alunos.
Agroecologia
Em 27 de agosto de 2005, foi implementada a Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA) na sede do assentamento. Fruto de uma iniciativa entre a Via Campesina, com apoio do governo estadual do Paraná e pelo Instituto Federal do Paraná, além do apoio do governo da Venezuela, a escola promove a formação de jovens, oriundos de comunidades camponesas e movimentos sociais da Via Campesina, no curso de graduação Tecnologia em Agroecologia.
Atualmente, está em andamento a terceira turma, chamada de Semente Latina, que conta com 52 educandos de vários estados brasileiros, além de outros países como o Paraguai, Republica Dominicana, Colômbia e Equador.
Para o estudante Elber Jhon Campo, que participa do Movimento Campesino de Cajibio, da Colômbia, o curso fortalece as famílias camponesas que desenvolvem o projeto agroecológico nos movimentos sociais. “Para meu movimento é muito importante participar do curso, porque uma das politicas pra serem desenvolvidas é poder fortalecer os processos da produção agroecológicos”.
Jhon acrescenta que “há que ter presente que não só é uma luta do meu movimento pela produção limpa, é uma luta da Via Campesina, um projeto do mundo inteiro em busca do fortalecimento da agroecologia”.
O curso de graduação tem três anos de duração, com aulas que funcionam por etapas, em regime de alternância, entre tempo escola e tempo comunidade, com uma média de 60 a 70 dias cada etapa.

do Blog do MST

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