REGULAÇÃO DA MIDIA,JÁ!

REGULAÇÃO DA MIDIA,JÁ!
PARA ACABAR COM O MONOPÓLIO

quarta-feira, 22 de maio de 2013

ESCÂNDALO DO SUPREMO - A vítima do moralismo seletivo da mídia é o leitor


PAULO NOGUEIRA 

As corporações jornalísticas ignoraram o escândalo do Supremo e prestaram um desserviço a seus leitores.


As mordomias do STF são um assunto de grande interesse público. 

Elas revelam como a mais alta corte do país trata o dinheiro do contribuinte. 

Não existe pudor, não existe parcimônia: os juízes viajam de primeira classe, e podem levar acompanhante desde que julguem “necessário”. 

Como eles fazem as regras, é tudo legal – mas imoral e abjeto. 

Essas mordomias são notícia de alta importância, naturalmente. 

Mas não para a mídia, excetuado o Estadão, que revelou as mamatas. 

E isso conta tudo sobre o farisaísmo da mídia. 

Notícia é o que serve a seus interesses particulares. 

O resto não é notícia. 

Colunistas sempre rápidos em despejar sentenças moralistas vulgares sobre seus leitores simplesmente não tiveram uma palavra para o escândalo. 

Fui verificar o que tinha a dizer, por exemplo, Ricardo Noblat, em seu blog. Nada. 

Fui verificar o que tinham a dizer os colunistas do site da Veja, Augusto Nunes, Ricardo Setti e Reinaldo Azevedo. Nada, nada a nada, respectivamente. 

Um tratamento bem diferente mereceu Marilena Chauí por dizer verdades que cabem a eles todos, campeões do pensamento rasteiro da classe média. 

Reinaldo Azevedo, ao tratar do discurso em que Chauí criticou a classe média, fez questão de levianamente, sem dados e sem nada, invocar o dinheiro que ela ganharia por conta dos livros do MEC. 

Havia apenas insinuação, havia apenas maldade, havia apenas a confiança de que seu leitor é tão tapado que vai aceitar o conto do MEC sem recibo e sem comprovação. 

Tratamento bem diverso teve, do mesmo Azevedo, Maggie Thatcher. 

Numa eulogia disparatada, Azevedo afirmou, no grande final, que Thatcher morreu pobre. 

Na pobreza de Thatcher estaria a prova suprema de suas virtudes de estadista. 

Apenas a casa de Thatcher é avaliada em mais de 10 milhões de dólares, mas segundo Azevedo ela “morreu pobre” 

Mais uma vez, Azevedo acreditou que é fácil engambelar seus leitores. 

Porque apenas a casa de Thatcher na região mais nobre de Londres é avaliada em mais de 10 milhões de dólares. Não é informação nova, e sim antiga. 

Thatcher só não fez uma fortuna maior porque os problemas mentais logo a impediram, saída do cargo, de realizar palestras e dar consultoria a empresas como a Philip Morris. 

O filho de Thatcher, Mark, amealhou uma considerável fortuna com comissões de grandes negócios feitos pelo governo da mãe com outros países. 

Mas Thatcher morreu pobre no Planeta Azevedo, e Marilena, ela sim, é rica. 

Moralismo, quando é seletivo, é hipocrisia mistura a cinismo. 

Destina-se não a corrigir desvios éticos, mas a tirar proveito da boa fé dos chamados inocentes úteis. 

O escândalo do STF, ignorado pela mídia, é apenas mais uma página de um conjunto de atitudes em que a vítima é a sociedade. 

Postado por René Amaral

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por respeitar este espaço livre e democrático e por comentar!