Poder ao povo ( Século Diário)
Dilma cria espaço para o debate popular, mas o movimento sindical está preparado para desempenhar seu papel nesta realidade?
por Caetano
Na semana passada a presidente Dilma Rousseff assinou o decreto que cria a Política Nacional de Participação Social, criando uma estrutura para que a sociedade civil possa atuar e debater propostas ao governo federal.
É a mais contundente resposta às demandas das ruas, dos movimentos de junho de 2013. Evidentemente, a oposição, que hoje reflete o pensamento da elite política do País, gritou.
Os fóruns e espaços de debate que tanto participaram da formação política do Brasil no início da década de 1980, perderam fôlego ao longo das últimas décadas e as políticas públicas ficaram restritas aos chamados “especialistas” dos governos, em todos os níveis.
Tanto é assim, que durante as manifestações, nem partidos políticos, nem sindicatos ou qualquer outro fórum representativo foi bem-vindo nos protestos.
A criação das estruturas populares garante uma conquista do movimento sindical que sempre buscou um espaço de diálogo com o governo institucional, para além das eleições de lideranças representativas.
Trata-se de democracia direta, ou um passo a mais na direção dela. Neste sentido, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) nacional convoca os trabalhadores a apoiarem o decreto.
Mas voltando para a realidade local, não dá para acreditar muito que essa convocação vá atingir as centrais no Estado.
Com lideranças sindicais voltadas para a perpetuação do comando de suas entidades, lidando com seu pequeno poder, não se vê qualquer movimentação no sentido de apoio e busca de mobilização para a viabilização dessa estrutura no Estado.
O Espírito Santo, sobretudo na Grande Vitória, teve em seu passado fóruns muito importantes para conquista de direitos dos cidadãos capixabas, como fórum pela moradia, as associações fortes de moradores e sindicados realmente participativos, como foi no passado o Sindicato dos Metalúrgicos.
Hoje a situação é bem diferente.
Os movimentos populares estão enfraquecidos e os sindicatos fechados e desidratados.
O espaço para a inserção do cidadão nos grandes debates do País foi criado, cabe agora ao movimento sindical se apropriar desse espaço, criar o ambiente necessário para a atração do cidadão para esse debate.
Para isso, precisa se repensar seu papel na sociedade e se depurar, deixando os interesses pessoais de lado, adotando a agenda cidadã.
Entendendo de uma vez por todas a máxima de que todo poder emana do povo. Sem isso, o espaço ficará ocioso e o cidadão mais uma vez alijado do processo político do País.
Fórum neles!
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