Por José Reinaldo Carvalho, no site Vermelho:
Em encontro nesta terça-feira (22) com José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, órgão diretivo da União Europeia, conglomerado que exerce papel imperialista no mundo atual, Aécio atacou o governo da presidenta Dilma Rousseff pela política externa independente que realiza. O tucano afirmou, ao sair da reunião com o representante das potências imperialistas do velho continente, que a política externa brasileira “prioriza o alinhamento ideológico e promove alianças apenas com os países vizinhos”.
Já é notória a ojeriza que o candidato do PSDB tem à integração latino-americana. Capacho do imperialismo estadunidense, Aécio sabe que o Mercosul, a Unasul, a Celac, a Alba e todos os mecanismos de integração vigentes sob a égide dos governos progressistas da região contrariam os interesses dos senhores imperialistas aos quais paga vassalagem. Por isso, em várias ocasiões Aécio e outros dirigentes do PSDB propuseram acabar o Mercosul. Informa o jornal O Estado de S. Paulo, em sua edição da última terça-feira (22), que o senador mineiro defendeu a ideia de acabar o bloco e transformá-lo em área de livre comércio em duas ocasiões – em entrevista ao jornal argentino La Nación, em junho, e em palestra em Porto Alegre no Fórum da Liberdade, no mês de abril.
Agora, o candidato tucano diz que a ligação do Mercosul com a União Europeia seria uma das suas prioridades, caso vencesse as eleições.
Ao desdenhar a integração latino-americana e agora sinalizar prioridade para as relações com os potentados imperialistas da União Europeia, numa aliança que teria caráter neocolonialista, o candidato do PSDB indica que a política externa por ele preconizada é a mesma diplomacia de pés descalços praticada pelo governo do seu guru, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que tentou transformar o Brasil num Porto Rico de 8,5 milhões de quilômetros quadrados – um Estado associado aos seus patrões de Washington.
Mas as declarações de Aécio Neves, como sempre um politiqueiro superficial e despreparado para o posto a que se candidata, contêm uma rematada mentira, ao dizer que a diplomacia brasileira se restringe aos vizinhos.
O governo da presidenta Dilma Rousseff dá continuidade e aprofunda o caráter universalista, multilateralista, ativo, altivo, soberano, pacifista da política externa inaugurada pelo governo do ex-presidente Lula. E com brilhantismo pessoal de estadista. O mundo já assistiu com admiração aos pronunciamentos da presidenta Dilma na Assembleia Geral das Nações Unidas e aplaudiu a sua atitude corajosa de cancelar um encontro com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pois o governo deste último foi pilhado cometendo delito de espionagem contra chefes de Estado, entre estes a líder brasileira.
Alheado da realidade nacional e mundial, Aécio desconhece que foi o Brasil, sob a liderança da presidenta Dilma Rousseff, que protagonizou na semana passada o mais importante acontecimento geopolítico do ano – a Cúpula do Brics, em Fortaleza.
A 6ª Cúpula do Brics – agrupamento que engloba Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – foi um evento marcante, o que pode ser atestado pela Declaração de Fortaleza, em que o perfil do grupo ficou muito bem delineado. O Brics firmou-se não apenas como uma associação de economias de grandes países emergentes. Se se restringisse a isto, já seria uma grande construção. Afinal, estamos falando de 26,8% da área do planeta, 42,8% da população total do mundo, 21% do PIB mundial e 15% do comércio internacional. São dados reveladores de uma nova ordem econômica, ainda no nascedouro, que gradualmente encontra meios e modos de contornar as relações de dominação neocolonialista exercidas pelos grandes potentados econômicos internacionais, por meio de seus organismos financeiros.
O Brics, com as resoluções que tomou de criar o Novo Banco de Desenvolvimento e um fundo comum de reserva de contingência, deu um passo decisivo para se firmar como novo polo econômico-financeiro. Igualmente, afirmou-se como ponderável fator geopolítico em favor da paz, das soluções políticas para os conflitos internacionais por meio do diálogo, da defesa do direito internacional e do multilateralismo e pela democratização das relações internacionais. Ambos os aspectos da consolidação do Brics – como polo econômico e geopolítico – terão importante impacto sobre o desenvolvimento da situação internacional. O mundo não pode mais ficar à mercê do poder dos monopólios da oligarquia financeira nem do ditame das potências imperialistas, como querem Aécio e seus aliados internacionais.
O candidato do PSDB quer ignorar esta realidade e obscurecer que foi a nova política externa brasileira, da qual Dilma é atualmente a principal protagonista, que contribuiu decisivamente para configurar a nova correlação de forças no mundo e abrir caminho nos esforços pela paz e a cooperação internacional.
Que Aécio fique com suas mentiras e sem sapatos, como o ex-chanceler de FHC diante de meganhas estadunidenses. O povo brasileiro não vai querer recuar das grandes conquistas que a política externa brasileira alcançou.
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