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sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Aécio tenta se impor como líder tucano em SP e PSDB pode ter guerra interna em 2018

Oficialmente, senador vai a SP agradecer votação, mas articula para não deixar que reeleição de Alckmin atrapalhe seu projeto

iG(nóbil)

O PSDB paulista prepara para esta sexta-feira (14), na capital, um ato político em que o presidenciável e senador mineiro Aécio Neves se dirigirá aos seus correligionários para agradecer a expressiva votação obtida na eleição presidencial no Estado, onde teve 64% dos votos válidos no segundo turno. O ato também é uma oportunidade de o mineiro fortalecer sua imagem em um reduto que, até as eleições deste ano, não lhe era caro. Ou seja: ao mesmo tempo em que afagará os paulistas, deixará claro que é o dono da oposição e do projeto para chegar à Presidência em 2018.

Abertamente, Alckmin não cogita a possibilidade, mas articulações de bastidores dão indícios de que mineiros e paulistas podem apoiar nomes diferentes.A ameaça a esse projeto tem nome e sobrenome: Geraldo Alckmin. O governador paulista, reeleito no primeiro turno em 2014 (mantendo uma hegemonia que em 2018 chegará a 24 anos de poder), será a aposta dos paulistas para finalmente destronar o PT do Palácio do Planalto.
Um exemplo: o deputado estadual Pedro Tobias, aliado de Alckmin, postulará seu retorno à presidência estadual do PSDB em São Paulo. A eleição será em maio do ano que vem.
A escolha no diretório tucano tem ampla influência do governador, que praticamente aponta o ocupante do cargo em revezamento entre os representantes da bancada federal e estadual. Hoje, o presidente é o deputado federal Duarte Nogueira, que substituiu o próprio Tobias em maio de 2013.
Com Tobias à frente do diretório, Aécio Neves não teria sua candidatura ao Planalto assegurada em São Paulo.
Alckmin, por sua vez, tem emitido sinais de que quer se desvincular do discurso radical antigoverno adotado recentemente pelo PSDB e por suas lideranças mais proeminentes. Na última quarta-feira (12), por exemplo, durante a assinatura de contratos para a construção de rodovias - serão financiadas por bancos estrangeiros - em Nova York (EUA), Alckmin condenou o discurso pessimista sobre o Brasil.
"Às vezes na imprensa, como na economia e na política, há muita ansiedade. Então às vezes nós vamos para os extremos. O Brasil de alguns anos atrás era a 'bola da vez’. E não era bem assim, havia um conjunto de desafios que não estavam vencidos. Agora é o contrário. Vai tudo mal, um pessimismo total. E isso também não é verdade."
Já Aécio Neves aponta que Dilma Rousseff, se submetida ao regramento do Procon, teria de devolver o mandato obtido nas urnas por ter mentido para os eleitores.
"Se houvesse um Procon das eleições, a presidente Dilma estaria hoje sendo instada a devolver o mandato que recebeu", comentou o tucano sobre a proposta do Executivo de extinguir a meta de superávit fiscal contida na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) enviada ao Congresso.
Em entrevista à "Globonews", Alckmin se dirigiu a Dilma como “presidenta” e justificou que a chamava assim porque a petista “gosta desse tratamento”.
Aécio e aliados como o senador Aloysio Nunes – seu vice em 2014 – sequer acenam com qualquer diálogo para com Dilma no plano nacional.
Operação São Paulo
Membro da Executiva Nacional do PSDB e ex-secretário geral do partido no Estado, Cesar Gontijo relembra que ele, o ex-presidente estadual Pedro Tobias, o deputado federal José Aníbal e o deputado estadual Ramalho da Construção, com a anuência do então presidente nacional Sérgio Guerra (falecido), foram os responsáveis pela inserção de Aécio em São Paulo.
O primeiro evento foi o lançamento do núcleo sindical do partido capitaneado por Ramalho em 2012. No ano seguinte, em março, Aécio foi “batizado” ao participar do Congresso Estadual do PSDB-SP.
“O abertura do evento era para ter duração de 20 minutos com discursos do presidente estadual Pedro Tobias, do presidente Fernando Henrique Cardoso, do governador Geraldo Alckmin e do Aécio Neves. Mas o governador [Alberto] Goldman e o senador Aloysio [Nunes Ferreira] também apareceram e discursaram a favor de Aécio”, lembrou Gontijo. Os dois últimos são aliados do ex-governador José Serra.
Estava lançada a senha para que Aécio fosse o candidato ao Planalto. “Ali o diretório do PSDB de São Paulo disse ao Brasil que o candidato à Presidência era Aécio Neves”, exaltou o integrante da Executiva Nacional.
O tucano mineiro participaria ainda de outros 14 encontros regionais do partido no Estado e chegou a declarar: “Nunca vi partido mais orgânico, mais organizado, mais forte do que o PSDB de São Paulo”.
Cesar Gontijo sustenta que o apoio a Aécio eclodiu da militância e chegou às esferas mais altas do partido. Para o dirigente, Aécio é hoje um candidato natural em 2018 porque reúne três elementos fundamentais a seu favor: as pesquisas eleitorais, a união do partido em torno dele e a participação de aliados.
Saco cheio
Para um dos vices-presidentes nacionais do PSDB, o ex-governador paulista Alberto Goldman, a rivalidade entre as seções mineira e paulista do partido nunca existiu. "Nós, do PSDB de São Paulo, jamais tivemos animosidade com ninguém", frisou, acrescentando que Aécio Neves obteve a forte adesão dos paulistas ao seu projeto por conta "de uma realidade polítca na qual grande parte dos paulistas tinham rejeição ao PT no poder".
O deputado federal tucano José Aníbal (SP) considera que a vitória expressiva de Aécio Neves sobre Dilma Rousseff no Estado é apenas uma prova de que “São Paulo encheu o saco” e fez jus às suas tradições históricas de cobrar mudanças por parte do governo federal.
“A opinião pública quer mudanças. A sociedade não tolera inércia. São Paulo encheu o saco. Esse crescimento zero é desastroso para o Brasil, significa o fim das oportunidades e das esperanças para milhões de jovens. São Paulo apenas cumpriu seu papel histórico de cobrar mudanças e agora está amarrado”, resumiu Aníbal ao iG.
Ele evitou entrar no mérito sobre o ineditismo de um quadro mineiro ter conseguido angariar tamanho apoio em território paulista, diferentemente de eleições presidenciais anteriores, quando dirigentes dos dois estados trocaram acusações sobre a falta de engajamento político de um e de outro.
Ligado ao governador paulista Geraldo Alckmin, o suplente do senador eleito José Serra também evitou projetar um possível confronto entre os dois líderes com vistas às eleições de 2018. “Sou muito feliz e, tenho certeza, o PSDB é muito feliz por ter duas lideranças com a envergadura de Aécio Neves e Geraldo Alckmin”, desconversou.
Eleições passadas
A se confirmar um confronto entre Aécio Neves e Geraldo Alckmin em 2018, será reeditada uma briga parecida com a das eleições presidenciais de 2006, quando o tucano paulista foi o postulante ao Planalto.
Alckmin conseguiu ainda chegar ao segundo turno contra o candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva, reflexo das denúncias do mensalão. No entanto, no segundo turno, os mineiros não apoiaram o tucano e o País assistiu à recondução do petista.
Em 2010, a briga entre paulistas e mineiros no ninho tucano foi mais intensa com Aécio Neves, já fora do governo mineiro e eleito ao Senado. De outro lado, em São Paulo, o então governador José Serra deixou para se desincompatibilizar do cargo no final do prazo, em abril, envolto em mistério.
Embora não fosse o nome preferido do então presidente do partido Sérgio Guerra, Serra já se articulara a tal ponto no partido que nem mesmo uma prévia daria chances a Aécio, que acabou se retirando da peleja interna.
A resposta do povo mineiro a Serra acabou vindo nas urnas: o paulista foi derrotado por Dilma nos dois turnos da eleição presidencial por larga vantagem de votos em Minas Gerais – Estado natal de Dilma e Aécio.

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