REGULAÇÃO DA MIDIA,JÁ!

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PARA ACABAR COM O MONOPÓLIO

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Paulo Skaf: “Alckmin é o responsável pela crise financeira da Santa Casa”


O candidato do PMDB ao governo de São Paulo, Paulo Skaf, responsabilizou o governador Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição, pela interrupção do atendimento no pronto-socorro da Santa Casa, entre os dias 22 e 23 de julho. 

"A Santa Casa é diretamente ligada ao governo de São Paulo e a responsabilidade é do governo do Estado de São Paulo", afirmou.

Skaf se reuniu na segunda-feira (4) com o provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Kalil Rocha Abdala. 

Após conversar com o administrador sobre a crise financeira do hospital, ele condenou o que chamou de "jogo de empurra-empurra" das responsabilidades sobre a situação da unidade de saúde. 

"Tudo dentro do Estado é de responsabilidade do governador", disse. 

Indagado se Alckmin teria sido omisso na administração do contrato com a Santa Casa, Skaf disse que "sim". 

"Se houve um alerta de que ia se chegar em uma situação insustentável, com risco de fechar os prontos-socorros, cabe ao governo prevenir, cabe ao governo planejar. 

Cabe ao governo resolver as questões antes que os problemas surjam", afirmou. 

HORA DO POVO

por Servílio Gentil Lavapés
do Blog O CORREIO DA ELITE

Petrobras volta a ser a maior empresa da América Latina


Estatal presidida por Graça Foster colhe os louros pela política de investir em prospecção no pré-sal, compartilhar exploração com gigantes do petróleo, preservar domínio territorial e concretizar plano bilionário de investimentos; companhia é avaliada em US$ 108,5 bilhões e volta a ser a maior da América Latina; ações fecham o dia com alta de 3,6% na bolsa, impulsionadas por declaração do ministro Guido Mantega sobre possível reajuste de combustíveis até o final do ano; companhia vai fazendo lição de casa; "Provocamos um círculo virtuoso, em que quanto mais prospectamos, mais encontramos petróleo e mais fazemos receitas próprias", explica Graça; plano de investimento para próximos 15 anos não prevê necessidade de captações financeiras; crítica irresponsável à companhia é respondida pelos fatos. 

Marco Damiani, 247Baixem a crista os críticos irresponsáveis da Petrobras. 

É de conhecimento do mercado há algumas horas que a estatal brasileira de petróleo retomou o primeiro lugar no ranking das maiores companhias da América Latina, posição que vinha sendo ocupada pela Ambev, de Jorge Paulo Lehman. A empresa comandada pela funcionária de carreira Graça Foster chega a US$ 108,57 bilhões de valor de mercado, poderio que a coloca acima da companhia de bebidas (US$ 105,56 bi), do Itaú Unibanco (US$ 83,67), da mexicana American Movil (US$ 83,5) e da colombiana Ecopetrol (US$ 71,23 bi). 

O levantamento é da respeitada consultoria Economática, com base no preço de mercado das ações negociadas em bolsa. 

Para a estatal, o reconhecimento chega num momento de paz e produtividade interna, e guerra aberta nos meios políticos. Sob o comando de Graça, a companhia passou a executar nos últimos três anos políticas de longo prazo que tinham como base a prospecção de petróleo, uma verdadeira obsessão da atual presidente. Respaldada pela presidente Dilma, com quem tem uma sintonia quase telepática, sua gestão foi sacudida por ataques especulativos em todas as frentes. 

No principal front da guerra, o mercado financeiro, as ações da Petrobras foram derrubadas ao piso de R$ 12,64, em fevereiro, mas nesta quarta-feira 6 chegavam a R$ 20,22, com alta de 3,10% no dia, às 13h50. A subida com jeito de disparada vai sendo atribuída ao posicionamento do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ontem, admitindo à agência Reuters que este ano, "a exemplo do que tem acontecido todos os anos", um reajuste no preço dos combustíveis poderá ocorrer até dezembro. De fato, no ano passado, em novembro, a gasolina subiu 3% e o óleo diesel. Também houve reajustes em 2012. 

Mais que isso, os fundamentos da Petrobras também estão se mostrando cada vez mais sólidos, depois de terem resistido a diversos tipos de especulação. Talvez se tente atribuir a alta exclusivamente ao pronunciamento de Mantega, mas para a alta superior a 3% certamente o mercado também está reconhecendo que a companhia merece ser avaliada com seriedade e sem partidarismo. Por seus resultados. 

A Economática apurou que o valor de mercado da Petrobras ultrapassou o da AmBev em 5 de agosto. 

Esta situação já tinha acontecido em 22 de julho do ano passado, mas logo a estatal voltou para a segunda posição. O maior valor de mercado já atingido pela empresa na sua história foi no dia 21 de maio de 2008: US$ 309,48 bilhões. 

Os pessimistas podem dizer que a estatal vale hoje um terço do que já foi. Mas também dá para enxergar o quanto se pode crescer. 

A personagem pública responsável pela Petrobras não se abala com as críticas e sabe comemorar suas conquistas. No mês passado, a Petrobras quebrou o recorde de extração de barris de petróleo do pré-sal, ultrapassando a marca dos 500 mil. 

- Nosso plano de investimentos para 2017 não prevê a necessidade de nenhuma injeção de capital, lembrou a presidente, em junho, a jornalistas de meios eletrônicos. 

- Nós estamos conseguindo produzir um círculo virtuoso, no qual prospectamos mais, descobrimos mais e aumentamos, assim, as nossas receitas. Você consegue aumentar a gasolina com um telefonema, mas não consegue aumentar a produção de petróleo com um telefonema. Tem muito trabalho atrás disso, frisou ela.

do Blog do Briguilino

Vejam porque a Rede Globo abre guerra contra o Sindicato dos Jornalistas(RJ)


Embora ainda seja a maior e mais poderosa rede de TV do Brasil, a Rede Globo já não pode tanto, como antes. 

Além do mal que faz ao país com seu poder oligopólico, agora ela começa a fazer mal para dentro, atingindo diretamente seu corpo de jornalistas. 

A denúncia é do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro: 

Jornalistas da Rede Globo confiam na mediação do Ministério do Trabalho para erradicar irregularidades que têm se multiplicado na emissora. 

Redução em salários, assédio moral, acúmulo de funções, jornadas de 13 dias sem folga e banco de horas negativo foram algumas das denúncias apresentadas por cerca de 40 profissionais da empresa que estiveram reunidos com o Sindicato por mais de duas horas na tarde desta terça-feira (06/05) em um colégio do Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio. 

A mesa redonda com o ministério poderá ajudar a esclarecer possíveis ilegalidades cometidas pela Globo no processo de reestruturação em curso. 

A reunião foi convocada a pedido dos jornalistas da Rede Globo após redução abrupta nos salários, desde março, por uma decisão da empresa de evitar que seus funcionários trabalhem além da jornada legal de cinco horas mais duas extras. 

O problema é que essas horas extras robusteciam a remuneração dos jornalistas, em um sistema estimulado pela emissora, já que a média do salário-base por lá é baixo. 

Há casos de profissionais que perderam R$ 2.000 de um mês para o outro. 

Como compensação, a Globo ofereceu uma indenização calculada sobre a média das horas extras pagas nos últimos seis meses. 

A compensação, de baixo valor e que não resolve a perda mensal nos salários, é encarada pelos jornalistas e pelo Sindicato como um ‘cala boca’ oferecido pela empresa. 

As justificativas dadas pelo setor de Capital Humano – nome do departamento de recursos humanos da Rede Globo – aos funcionários foram um verdadeiro festival de assédio moral. 

Os jornalistas relataram que foram chamados um a um para conversar com analistas de recursos humanos, que não respondiam de forma clara as perguntas e até chegaram a espalhar boatos de que jornalistas fraudavam o ponto para ganhar mais. 

O gestor direto era chamado a participar em muitas dessas reuniões, numa atitude claramente intimidatória. 

Pelo fim do ‘cheque especial’ do banco de horas 

Para além dos salários, os jornalistas da Rede Globo também se queixaram do sistema de banco de horas, em que começam o mês devendo 21 horas – que seriam relativas aos sábados não trabalhados. 

O Sindicato reiterou que a prática é ilegal, apesar de estar disseminada nas redações do Rio que adotaram o controle de ponto. 

A Justiça entende que a empresa deve abonar as horas dos dias em que não requisita o funcionário. 

O fim desse ‘cheque especial’ do banco de horas deverá ser negociado com os patrões nas rodadas da campanha salarial. 

Acúmulo e desvio de funções, jornadas de até 13 dias sem folga e a obrigatoriedade de tirar uma hora de descanso no meio do expediente são outros assuntos que deverão ser tratados na conversa com a mediação do Ministério do Trabalho. 

Ficou acertado no encontro de segunda-feira que uma nova reunião será marcada no mesmo local, em dois horários, para atrair mais jornalistas insatisfeitos com o desrespeito aos direitos trabalhistas na Rede Globo. (Blog do Mello)

do Blog Na Ilharga

Aeroporto fantasma de Aécio Neves.

Mais um aeroporto suspeito de Aécio. 

Este, em Itabira - MG, é o terceiro. 

Apenas relembrando: o primeiro foi o da cidade de Cláudio - MG, no terreno de seu tio, com dinheiro público e irregular perante a ANAC. 

A construtora que fez o aeroporto, inclusive, contribuiu para campanha de Aécio. 

O segundo foi o da cidade de Montezuma - MG, local onde o pai de Aécio tinha uma empresa de agronegócio. Empresa esta que ficou para os filhos, inclusive ele. 

Desta vez, o suposto aeroporto teria sido construído na cidade de Itabira. 

O governo gastou cerca de R$ 5 milhões na sua reforma. 

Só tem um detalhe: O aeroporto não existe. Ou então ele é subterrâneo. 

Caso isto seja verdade, será o primeiro aeroporto subterrâneo do mundo.

Postado por Paulo Marcel Palmares Sobrinho 
do Blog Tô de Olho Malandragem

Aecioporto bombou na rede. E o Ibope, amanhã, vai registrar?

Autor: Fernando Brito

aviator
Não creio nos números, que acho baixos demais –  uma busca no Google por “tio de Aécio” dá muito mais – mas registro o que diz, hoje, o editor-adjunto de Mídias Sociais da FolhaYgor Salles: “nada repercute (nas redes sociais)mais negativamente contra os candidatos ao Planalto que o caso do aeroporto de Cláudio (MG), construído em uma área desapropriada que era de um familiar do tucano”.
Segundo o levantamento de uma empresa, contratado pelo jornal, o Aecioporto já teve mais de 66 mil menções nas redes sociais. O caso da Lei Seca e a tentativa de censurar a internet teriam rendido menos de 4 mil menções negativas a Aécio Neves.
Diz ele que toda a campanha de mídia em relação à Petrobras – não apenas Pasadena, mas todas as outras – se refletiu em 16 mil menções negativas a Dilma.
Um contraste fantástico contra os 13 a 1 negativos que os jornais impingem à Presidenta em suas chamadas de capa.
Segundo o colunista da Folha, duas razões teriam contribuído para isso.
A primeira, a de que Aécio “demorou para Aécio começar a dar explicações mais alongadas ao tema”.
Estranho, porque as explicações (que não explicam) são as mesmas desde o dia em que estourou o caso. O que demorou foi ele admitir que fazia uso privado do aeroporto.
A segunda é a de que “a campanha petista e os blogueiros que apoiam Dilma perceberam rapidamente o poder destrutivo da denúncia e bombaram o ‘aécioporto’ nas redes sociais”.
Curioso, também, porque as matérias negativas à Dilma, além da “militância tucana” são bombadas nos grandes portais todo dia, com profusão de detalhes e, claro, nos blogs que apoiam Aécio incrustados nos grandes portais.
É mais plausível que  a explicação seja aquela a que o próprio Ygor se  refere,  a de que “um candidato que prega a ética e boa gestão constrói um aeroporto que tem benefícios questionáveis à população, mas inquestionáveis para ele ou sua família”.
Tirante o fato de Ygor ter descoberto benefícios, mesmo questionáveis, em um aeroporto trancado a chave por quatro anos, parece que a coisa é por aí: o desnudamento da hipocrisia.
Resta saber que reflexos – registrados em pesquisas internas dos próprios tucanos, o que acabou levando Aécio a confessar o uso da pista – isso terá nas pesquisas eleitorais.
Ou melhor, que efeitos – ou falta de efeitos – elas atribuirão ao caso.
do Blog Tijolaço

CPI DOS GOVERNOS SERRA E ALCKMIN + CARTEL SIEMENS / PSDB DE SÃO PAULO COMEÇA HOJE NO CONGRESSO


COMISSÃO VAI INVESTIGAR OS CONTRATOS SUPERFATURADOS, PROPINA, CONTAS NO EXTERIOR E DEMAIS "POSSÍVEIS" FALCATRUAS ENVOLVENDO LICITAÇÕES DOS TRENS E METRÔ DE SÃO PAULO NOS ÚLTIMOS DEZESSEIS ANOS DE GOVERNO DO PSDB


O Congresso Nacional vai instalar nesta quarta-feira (06/08) CPI mista para investigar o cartel do metrô e dos trens de São Paulo. A Comissão terá como objetivo principal apurar denúncias de corrupção de autoridades e outros supostos ilícitos nos contratos / licitações dos últimos dezesseis anos na gestão do PSDB no estado, e sua relação com empresas como SIEMENS e ALSTOM.



Segundo o Senado, Humberto Costa (PT/PE), o objetivo da CPI MISTA é dar à sociedade os esclarecimentos que ela tem direito de receber. 

Uma avalanche de denúncias e até confissões e delações, envolve a questão das LICITAÇÕES ditas VICIADAS (CARTEL), que atravessaram sucessivos governos tucanos.

Segundo a Folha de São Paulo, o senador Wellington Dias (PT-PI), disse que o tema precisa de investigações profundas do Congresso. "São desvios comprovados acima de R$ 5 bilhões. 

Você subtrai isso por corrupção e o Congresso não tem coragem de investigar?", questionou Dias.


A primeira sessão será presidida pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), mais idoso entre os integrantes, e serão eleitos o presidente e do relator. 

Postado por BONDeblog S. O. 

do BLOG DO SARAIVA

Prefeito do PSDB que coordena campanha de Richa é preso pelo Gaeco

Governador Beto Richa perdeu nesta quarta-feira (6) importante coordenador de campanha à reeleição na região da Associação dos Municípios do Norte do Paraná (Amunop); prefeito tucano de São Jerônimo da Serra, Adir dos Santos Leite, foi preso pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) sob a acusação de formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro, fraude a licitação e organização criminosa. O Ministério Público também faz operação nos municípios de Santa Cecília do Pavão, Maringá, São Sebastião da Amoreira, Fazenda Rio Grande, Pinhalão, Nova Santa Bárbara e Mandirituba.
Governador Beto Richa perdeu nesta quarta-feira (6) importante coordenador de campanha à reeleição na região da Associação dos Municípios do Norte do Paraná (Amunop); prefeito tucano de São Jerônimo da Serra, Adir dos Santos Leite, foi preso pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) sob a acusação de formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro, fraude a licitação e organização criminosa. O Ministério Público também faz operação nos municípios de Santa Cecília do Pavão, Maringá, São Sebastião da Amoreira, Fazenda Rio Grande, Pinhalão, Nova Santa Bárbara e Mandirituba.
O prefeito Adir dos Santos Leite (PSDB), de São Jerônimo da Serra, região Norte do estado, foi preso na manhã desta quarta-feira (6) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O tucano é coordenador da campanha do governador Beto Richa (PSDB) na região que reúne os municípios da Amunop (Associação dos Municípios do Norte do Paraná).
Além do prefeito do PSDB, dois filhos dele também foram detidos na “Operação Sucupira” para combater o crime desvio de recursos públicos.
O Gaeco já cumpriu hoje 18 mandados de prisão fruto de investigação que levou cinco meses. Segundo o Ministério Público do Paraná, a quadrilha é acusada de peculato, corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro, fraude a licitação e organização criminosa.
Braço policial do MP, o Gaeco espera cumprir nesta quarta os 22 mandatos de expedido pela Justiça. A operação também é feita nos municípios de Santa Cecília do Pavão, Maringá, São Sebastião da Amoreira, Fazenda Rio Grande, Pinhalão, Nova Santa Bárbara e Mandirituba.
do Blog do Esmael

"PSDB fez media training em CPI. E agora?"

Do Cafezinho - 06/08/2014 


Por Miguel do Rosário, postado em agosto 6th, 2014


O Brasil tem duas Constituições, dois sistemas penais, dois parâmetros morais, dois padrões jornalísticos.

De um lado, pode-se fazer tudo. Desvia-se um bilhão de reais. Abre-se conta na Suíça para guardar esse dinheiro. Uma emissora sonega centenas de milhões. As informações vazam com documentos, provas, testemunhos.


Ninguém faz nada. Ninguém fala nada. Está tudo certo.

Do outro lado, pega-se um ministro comprando uma tapioca em Brasília. É acusado de usar indevidamente o cartão corporativo. O ministro diz que o cartão pode ser usado imediatamente fora de Brasília e por isso se confundiu. Pede desculpas e paga a tapioca do próprio bolso.

Cai o mundo. Cai o ministro.


Vejamos o novo “escândalo”.

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 O PSDB sempre fez media training em CPI, aberta e francamente. Inclusive divulga a estratégia para os jornais, que publicam a notícia.
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A descoberta da notícia é do colega Stanley Burburinho, e foi publicada no blog Conversa Afiada.

A notícia é tão corriqueira que não merece nenhuma manchete, nenhum editorial, nenhuma indignação. É uma coisa normal. A CPI interessa à oposição, não ao governo, que tem preocupações outras. Governar, por exemplo.

Quando é o PT que faz a mesma coisa, é uma “fraude”, um “escândalo”!

Imaginem um ministro de Minas e Energia responsável pela crise do apagão de 2001 a 2002, que surrupiou bilhões de reais da economia e destruiu milhões de empregos.

Imaginem que esse mesmo ministro também estava à frente do Conselho de Administração da Petrobrás no momento em que a P-36, a maior plataforma de petróleo do mundo, afundou. Prejuízo: incalculável, porque a plataforma parou de produzir e morreu gente. Teríamos que calcular quanto custa construir uma nova plataforma, quanto se perdeu ao deixar de explorar petróleo por tantos anos e as consequências dessa queda de produção na balança comercial, e todo efeito-cascata disso.

Imaginem que rigorosamente a mesma pessoa também se envolveu com uma confusa troca de ações com uma subsidiária da Repsol na Argentina, provocando prejuízos de quase US$ 3 bilhões (em valores não atualizados).

Imaginem que esse indivíduo infeliz pertence ao grupo que governou o país por oito anos e hoje está na oposição.

Pois bem, agora a grande piada do milênio.

Imagine que esse mesmo ministro, após todas as cagadas que fez, se torna membro do Tribunal de Contas da União (TCU) e relator de um processo contra… a Petrobrás, a principal estatal do governo dominado pelo partido adversário.

A situação encaixa-se perfeitamente num romance fantástico de Gabriel Garcia Márquez.

A mídia, por sua vez, não faz nenhuma ponderação ao fato de José Jorge, ministro do TCU, ter um histórico incompatível com a necessidade de avaliar a Petrobrás com imparcialidade.

A bem da verdade, quem deveria ser investigado numa CPI é o próprio José Jorge.

Sob sua gestão, a Petrobrás não comprou nem construiu nenhuma refinaria, e sim vendeu as que tinha.

Para a imprensa brasileira, o escândalo é quando a Petrobrás amplia sua produção, o seu patrimônio e o seu faturamento.

Quando vende o que tem a preço de banana, na bacia das almas da especulação internacional, aí ela está “se modernizando”.  Ninguém investiga as negociatas das privatizações.

Abaixo, artigo do Paulo Moreira Leite, sobre o mesmo tema.

*

ONDE ESTÁ JOSÉ JORGE?

por Paulo Moreira Leite, em seu blog.

5 de agosto de 2014 -

O destino de José Jorge, ministro do TCU, relator de cinco denúncias contra diretores da Petrobrás, é alvo de justas preocupações por parte da CPI.

Ele já foi convidado para dar depoimento mas não disse nem sim nem não e, a qualquer momento pode ser convocado pelos parlamentares para dar depoimento e, neste caso, será obrigado a comparecer. A requisição do senador Antonio Carlos Rodrigues, de São Paulo, está pronta para ser debatida e votada.

O TCU, não custa lembrar, não é um poder autônomo. É um órgão auxiliar do Legislativo, a quem presta assessoria jurídica.

José Jorge chegou ao tribunal por indicação de Fernando Henrique Cardoso e, antes disso, foi ministro das Minas e Energia durante o reinado tucano. Na condição de ministro, presidiu o Conselho Administrativo da Petrobrás e ocupava o posto quando ocorreram dois desastres na empresa.

O primeiro foi uma ruinosa troca de ações com uma subsidiária da Repsol, na Argentina. Prejuízo estimado: US$ 2,5 bilhões. O segundo foi o naufrágio da P-36, plataforma oceânica, responsável por 6% do petróleo do país. Prejuízo estimado: US$ 1 bilhão por ano.

Referindo-se aquele período em que José Jorge era o manda-chuva na área de energia brasileira, a revista VEJA fez uma observação curiosa, sem dar nomes, mas reveladora do que se passava na maior empresa brasileira:

“Um urubu pousou no ombro da Petrobras e nada consegue espantá-lo”.

Você já fez as contas: no armário de José Jorge guarda-se um esqueleto equivalente, por baixo, a cinco vezes aquele prejuízo que, em teoria foi produzido pela compra de Pasadena. Detalhe: Pasadena existe, refina petróleo e pode dar lucro. Se a economia americana mantiver o ritmo deste ano, o prejuízo registrado na compra. Quanto a plataforma naufragada, hoje serve de moradia para lagostas, peixes coloridos e outros animais estranhos que habitam o fundo do mar. Irreversível, a troca de ações fez a alegria de mão única de quem empurrou o mico para os cofres brasileiros.

Não se deve colocar o carro na frente dos bois e incriminar José Jorge por aquilo que ocorreu sob sua gestão. Todos são inocentes até que se prove o contrário, certo?

Mas, com todos estes números no currículo, José Jorge conseguiu ser o relator de cinco “missões investigativas” realizadas para apurar a denúncia de Pasadena. Vamos ser simpáticos.

Imagine se, um dia, quando deixar o governo, o atual ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, vai parar no TCU. De repente, surge uma denúncia sobre a Repsol, ou sobre a plataforma, José Jorge vai parar na berlinda e Lobão vai parar na berlinda. Pode? Claro que não. O conflito de interesses seria óbvio demais para ser ignorado.

Estamos falando de um personagem múltiplo, que às vezes faz o papel de raposa e em outros, de galinha e, quem sabe, daquele urubu sugerido pela VEJA. Como imaginar que possa ter isenção para examinar, julgar e condenar?

É neste jogo de sombras que a oposição procura manter o interesse sobre a denuncia contra a Petrobrás. É um fracasso recorde, vamos combinar. O Congresso fez duas CPIs para investigar o caso e nenhuma delas trouxe qualquer novidade substancial – apenas confirmou aquilo que era possível perceber depois dos primeiros depoimentos.

Essa é a utilidade do factóide da semana, em torno das reuniões dos dirigentes da Petrobrás que antecederam seus depoimentos. Só o puro interesse político-eleitoral pode tentar tranformar uma banalidade em escândalo, distorção assinalada hoje pelo mestre Jânio de Freitas. Ele escreveu: ”Não pesquisam nada, não estudam nada, apenas ciscam pedaços de publicações para fazer escândalo. Com tantos meses de falatório sobre Petrobras e seus dirigentes, o que saiu de seguro (e não é muito) a respeito foi só por denúncias à imprensa. Mas a Petrobras sangra, enquanto serve de pasto eleitoral.”

Incapaz de apontar para irregularidades reais, consistentes, que seria de interesse de todos investigar, a oposição monta um circo em torno dos bastidores, como se ali tivesse ocorrido uma trama para iludir o país.

É de rir – quando se recorda que a a maioria das questões colocadas pela CPI eram públicas, estavam no site do senado e podiam ser consultadas por qualquer pessoa. Qualquer parlamentar que tivesse alguma questão surpreendente, fantástica, bombástica, também teria direito a colocar sua questão e, heroicamente, desmontar a conspiração. As câmaras e microfones estavam ali, ávidos, famintos, a espera justamente de uma cena como esta.
Só que para isso era preciso ter consistência, informações, conhecimento.

Sob outro aspecto, também é o caso de chorar. A oposição só não participou da CPI do Senado porque não quis, preferindo fazer o teatrinho da denuncia. Mas foi até o STF garantir outra CPI, a segunda, para tratar do mesmo assunto, que nada apurou nem demonstrou de relevante. Quer convencer os brasileiros, agora, que a CPI nada descobriu porque os diretores combinaram as respostas. Não dá para acreditar na pura ingenuidade de tantos políticos veteranos.

Ou contavam com a disposição dos acusados para se autoincriminarem, ainda que estes sempre tenham afirmado que as denúncias eram falsas.

Ou já sabiam de antemão que nada havia para ser descoberto e que o importante era manter o clima inquisitório – de grande utilidade na campanha eleitoral.

O ponto é este. Chamados a depor, os acusados compareceram a CPI e prestaram todos depoimentos necessários. Se algum ponto relevante ficou para ser esclarecido, ninguém lembrou de perguntar.


Os depoentes receberam orientação de advogados e assessores, o que é natural num ambiente agressivo, onde provocações, frases de efeito e acrobacias perante câmaras de TV são o trunfo de cada parlamentar-inquisidor, treinado em jogar para a platéia que tudo acompanha de casa.

Se não fossem prestar este serviço, por que seriam contratados, muitas vezes à peso de ouro?

Invertendo o sinal: alguém acha que os deputados e senadores da oposição buscam informações num convento de freiras? Preparam perguntas e montam cenários lendo poemas barrocos? Seria este um mundo sem promessas obscuras, negócios prometidos, recompensas insinuadas?

A questão real, sabemos todos, é outra.

Mesmo reunindo o tradicional adversário do PT, e dois ex-ministros de Lula que agora frequentam outro palanque, a oposição não consegue ser uma ameaça ao governo. Suas intenções de voto, somadas, nunca estiveram tão baixas, lembra Maurício Puls, no artigo “Sem rumo,” publicado na Folha de S. Paulo no último sabado. Este é o combustível do dia. O resto é teatro.

Bonner

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do Blog do ContrapontoPIG

Pesadelo em Gaza se intensifica com disputa de interesses – por Noam Chomsky

4.ago.2014 - Palestino caminha em meio aos escombros no bairro de Shejaia, que, segundo testemunhas, foi fortemente atingido por ataques e bombardeios aéreos israelenses durante uma ofensiva no leste da Cidade de Gaza. A reconstrução das áreas danificadas em Gaza custará pelo menos US$ 6 bilhões
  

Em meio a todos os horrores que se desdobram na mais recente ofensiva israelense em Gaza, a meta de Israel é simples: calma por calma, um retorno à norma.

Para a Cisjordânia, a norma é Israel prosseguir com sua construção ilegal de assentamentos e infraestrutura, para que possa integrar a Israel tudo o que possa ser de valor, enquanto entrega aos palestinos os cantões inviáveis e os submete a repressão e violência.

Para Gaza, a norma é uma existência miserável sob um cerco cruel e destrutivo que Israel administra para permitir a mera sobrevivência e nada mais.
A mais recente violência israelense foi provocada pelo assassinato brutal de três meninos israelenses de um assentamento ocupado na Cisjordânia. Um mês antes, dois meninos palestinos foram mortos a tiros na cidade de Ramallah, na Cisjordânia. Isso provocou pouca atenção, o que é compreensível, já que é a rotina.

"O desprezo institucionalizado pela vida palestina no Ocidente ajuda a explicar não apenas por que os palestinos recorrem à violência", diz Mouin Rabbani, um analista de Oriente Médio, "mas também o mais recente ataque de Israel na Faixa de Gaza".

Em uma entrevista, o advogado de direitos humanos, Raji Sourani, que permaneceu em Gaza ao longo de anos de brutalidade e terror israelense, disse: "Isto é o que ouço com mais frequência quando as pessoas começam a falar sobre cessar-fogo: todo mundo diz que é preferível todos nós morrermos do que voltar à situação que tínhamos antes da guerra. Nós não queremos aquilo de novo. Nós não temos dignidade, não temos orgulho; nós somos apenas alvos fáceis e muito baratos. Ou esta situação realmente melhora ou é preferível simplesmente morrer. Eu estou falando de intelectuais, acadêmicos, pessoas comuns: todo mundo está dizendo isso".

Em janeiro de 2006, os palestinos cometeram um grande crime: eles votaram de forma errada em uma eleição livre cuidadosamente monitorada, entregando o controle do Parlamento ao Hamas.

A mídia repete constantemente que o Hamas se dedica à destruição de Israel. Na verdade, os líderes do Hamas já deixaram claro repetidas vezes que o grupo aceitaria uma solução de dois Estados de acordo com o consenso internacional, que é bloqueado pelos Estados Unidos e Israel há 40 anos.

Em contraste, Israel se dedica à destruição da Palestina, fora algumas palavras ocasionais sem significado, e está implantando essa meta.

O crime dos palestinos em janeiro de 2006 foi punido imediatamente. Os Estados Unidos e Israel, seguidos vergonhosamente pela Europa, impuseram duras sanções à população errante, e Israel aumentou sua violência.

Os Estados Unidos e Israel rapidamente iniciaram planos para um golpe militar para derrubada do governo eleito. Quando o Hamas cometeu a afronta de desbaratar esses planos, os ataques israelenses e o cerco se tornaram mais severos.
Não deveria haver necessidade de revisar novamente o histórico desolador desde então. O cerco implacável e os ataques selvagens são pontuados por episódios de "corte da grama", usando a alegre expressão israelense para os exercícios periódicos de atirar nos peixes no laguinho, como parte do que chama de "guerra de defesa".

Assim que a grama é cortada e a população desesperada busca reconstruir algo após a destruição e os assassinatos, há um acordo de cessar-fogo. O cessar-fogo mais recente foi estabelecido após o ataque de Israel de outubro de 2012, chamada Operação Pilar de Defesa.

Apesar de Israel ter mantido seu cerco, o Hamas cumpriu o cessar-fogo, como reconhece Israel. As coisas mudaram em abril deste ano, quando o Fatah e o Hamas chegaram a um acordo de unidade estabelecendo um novo governo de tecnocratas, não afiliados a nenhum partido.

Israel ficou naturalmente furiosa, ainda mais quando até mesmo o governo Obama se juntou ao restante do Ocidente sinalizando aprovação. O acordo de unidade não apenas mina a alegação de Israel de que não pode negociar com uma Palestina dividida, como também ameaça a meta de longo prazo de dividir Gaza da Cisjordânia e a implantação de suas políticas destrutivas em ambas as regiões.
Algo precisava ser feito e uma oportunidade surgiu em 12 de junho, quando três meninos israelenses foram assassinados na Cisjordânia. Desde o início, o governo Netanyahu sabia que eles estavam mortos, mas fingiu o contrário, fornecendo assim a oportunidade para lançar uma campanha contra o Hamas na Cisjordânia.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu alegou ter conhecimento confirmando que o Hamas tinha sido o responsável. Isso também foi uma mentira.

Uma das principais autoridades de Israel a respeito do Hamas, Shlomi Eldar, informou quase imediatamente que os assassinos provavelmente vieram de um clã dissidente em Hebron, que há muito é um espinho no pé do Hamas. Eldar acrescentou que "estou certo que eles não receberam nenhum sinal verde da liderança do Hamas, eles simplesmente acharam que era o momento certo de agir".

A campanha de 18 dias após o sequestro, entretanto, teve sucesso em minar o temido governo de unidade e em aumentar acentuadamente a repressão israelense. Israel também realizou dezenas de ataques em Gaza, matando cinco membros do Hamas em 7 de julho.

O Hamas finalmente reagiu com seus primeiros foguetes em 19 meses, fornecendo a Israel o pretexto para a Operação Margem Protetora, em 8 de julho.

Em 31 de julho, cerca de 1.400 palestinos já tinham sido mortos, a maioria civis, incluindo centenas de mulheres e crianças. E três civis israelenses. Grandes áreas de Gaza foram transformadas em escombros. Quatro hospitais foram atacados, cada um deles representando um crime de guerra.

As autoridades israelenses enaltecem a humanidade do que chamam de "o exército mais moral do mundo", que informa aos moradores que suas casas serão bombardeadas. A prática é "sadismo, disfarçada hipocritamente como misericórdia", nas palavras da jornalista israelense Amira Haas: "Uma mensagem gravada exige que centenas de milhares de pessoas deixem suas casas já transformadas em alvo para seguirem para outro lugar, igualmente perigoso, a 10 quilômetros de distância".

De fato, não há lugar na prisão de Gaza que seja seguro do sadismo israelense, que pode até mesmo ter excedido os crimes terríveis da Operação Chumbo Fundido de 2008-2009.

As revelações hediondas provocaram a reação habitual do presidente mais moral do mundo, Barack Obama: grande solidariedade para com os israelenses, condenação amarga do Hamas e pedidos por moderação em ambos os lados.

Quando os atuais ataques terminarem, Israel espera estar livre para prosseguir com suas políticas criminosas nos territórios ocupados sem interferência, e com o apoio americano que desfrutava no passado.

Os moradores de Gaza estarão livres para voltar à norma em sua prisão israelense, enquanto na Cisjordânia, os palestinos podem assistir em paz enquanto Israel desmonta o que resta de suas posses.

Esse é o resultado provável caso os Estados Unidos mantenham seu apoio decisivo e virtualmente unilateral aos crimes israelenses e sua rejeição do antigo consenso internacional para um acordo diplomático. Mas o futuro será muito diferente se os Estados Unidos retirarem seu apoio.

Nesse caso, seria possível buscar a "solução duradoura" em Gaza que pedia o secretário de Estado americano, John Kerry, provocando condenação histérica em Israel, porque a frase poderia ser interpretada como pedido pelo fim do cerco e dos ataques regulares por Israel. E --horror dos horrores-- a frase poderia até mesmo ser interpretada como um pedido para implantação da lei internacional no restante dos territórios ocupados.

Há quarenta anos, Israel tomou a decisão fatídica de optar pela expansão em vez da segurança, rejeitando um tratado de paz plena oferecido pelo Egito, em troca da evacuação do Sinai egípcio ocupado, quando Israel estava iniciando extensos projetos de assentamento e desenvolvimento. Israel tem mantido essa política desde então.

Se os Estados Unidos decidissem se juntar ao mundo, o impacto seria grande. Repetidas vezes, Israel abandonou seus planos acalentados quando Washington assim exigia. Essa é a relação de poder entre eles.

Além disso, Israel conta com poucos recursos, após ter adotado políticas que a transformaram de um país altamente admirado em um que é temido e desprezado, políticas que hoje busca com determinação cega, em sua marcha para a deterioração moral e possível destruição final.

Será que a política americana poderia mudar? Não é impossível. A opinião pública mudou consideravelmente nos últimos anos, particularmente entre os jovens, e não pode ser completamente ignorada.

Por alguns anos, há boa base para exigências públicas para que Washington observe suas próprias leis e corte a ajuda militar a Israel. A lei americana exige que "nenhuma assistência de segurança deve ser fornecida a qualquer país cujo governo demonstre um padrão consistente de grave violação dos direitos humanos reconhecidos internacionalmente".

Israel certamente é culpada desse padrão consistente, e o é há muitos anos.

O senador Patrick Leahy de Vermont, autor desse artigo da lei, levantou sua aplicabilidade potencial contra Israel em casos específicos, e com um esforço educativo, organizacional e de ativismo bem conduzido, essas iniciativas poderiam ser tentadas sucessivamente.

Isso poderia ter um impacto muito importante por si só, além de também fornecer um trampolim para ações adicionais para pressionar Washington a se tornar parte da "comunidade internacional" e cumprir as leis e normas internacionais.

Nada poderia ser mais significativo para as trágicas vítimas palestinas de tantos anos de violência e repressão.

Noam Chomsky é professor emérito de linguística e filosofia no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Cambridge, Massachusetts.

Fonte: http://noticias.uol.com.br/blogs-e-colunas/coluna/noam-chomsky/2014/08/05/pesadelo-em-gaza.htm

Postado por Provos Brasil

O povo não é bobo?



Pela minha Timeline, passam pessoas comentando absurdos que foram ditos no programa da Ana Maria Braga. 

Em seguida, vejo críticas contundentes ao da Fátima Bernardes. 

De noite, espinafram os diálogos das novelas, alegando haver propaganda política subliminar em todas elas. 

Domingo reproduzem o que o Faustão falou. 

Pois bem, tudo isso seguido de uma palavra de ordem: "Abaixo a Rede Globo". Mas como? Vocês vão ver o quê?

do Blog SQN

Galeano: Já pouca Palestina resta. Passo a passo, Israel a está apagando do mapa.


Via Rebelión 

“A velha Europa, tão capaz de beleza e perversidade, derrama uma que outra lágrima enquanto secretamente celebra essa jogada de mestre. Por que a caça aos judeus sempre foi um costume europeu, mas há meio século essa dívida histórica está sendo cobrada aos palestinos, que também são semitas, e que nunca foram, nem são, anti-semitas. Eles estão pagando, em sangue corrente e soante, uma conta alheia.” 

Eduardo Galeano 

Tradução do espanhol: Renzo Bassanetti 

El Correo 

Para justificar-se, o terrorismo de estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe pretextos. Tudo indica que essa carnificina de Gaza, que segundo seus autores pretende acabar com os terroristas, conseguirá multiplicá-los. Desde 1948 os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem respirar sem licença. Perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua liberdade, seu tudo. Nem sequer tem direito de eleger seus governantes. Quando votam em quem não devem votar, são castigados. Gaza está sendo castigada. Transformou-se em uma ratoeira sem saída desde que o Hamás ganhou limpamente as eleições no ano de 2006. Coisa parecida tinha acontecido em 1932, quando o Partido Comunista triunfou nas eleições de El Salvador. 

Banhados em sangue, os salvadorenhos expiaram sua má conduta e desde então viveram submetidos a ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem. São filhos da impotência os mísseis caseiros que militantes dos Hamas, encurralados em Gaza, disparam com desajeitada pontaria, sobre terras que foram palestinas e que a ocupação israelense usurpou. E o desespero, à beira da loucura suicida, é a mãe das bravatas que negam o direito à existência de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto que a muito eficaz guerra de extermínio está negando, há anos, o direito à existência da Palestina. E pouca Palestina resta. Passo a passo, Israel a está apagando do mapa. 

Os colonos invadem, e atrás deles os soldados vão corrigindo a fronteira. As balam sacralizam os despojos, em legítima defesa. Não há guerra agressiva que não diga ser guerra defensiva. Hitler invadiu a Polonia para impedir que a Polonia invadisse a Alemanha. Bush invadiu o Iraque para impedir que o Iraque invadisse o mundo. Em cada uma de suas guerras defensivas, Israel tem engolido outro pedaço da Palestina, e os almoços continuam. A devora se justifica pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou, pelos dois mil anos de perseguição que o povo judeu sofreu, e pelo pânico que os palestinos à espreita geram. Israel é o país que jamais cumpre as recomendações e as resoluções da ONU, o que nunca acata as sentenças dos tribunais internacionais, o que zomba das leis internacionais, e também o único país que legalizou a tortura de prisioneiros.  
Quem lhe deu o direito de negar todos os direitos? De onde vem a impunidade com que Israel está executando a matança em Gaza? O governo espanhol não pôde bombardear impunemente o país basco para acabar com a ETA, nem o governo britânico pôde arrasar a Irlanda para liquidar com o IRA. Por acaso, a tragédia do Holocausto significa uma apólice de eterna impunidade? Ou esse sinal verde vem da potência que manda mais e que tem em Israel o mais incondicional de seus vassalos? O exército israelense, o mais moderno e sofisticado do mundo, sabe a quem mata. Não mata por engano. Mata por horror. As vítimas civis são chamadas de danos colaterais, segundo o dicionário de outras guerras imperiais. 

Em Gaza, de cada dez danos colaterais, três são crianças. E somam milhares os mutilados, vítimas do esquartejamento humano que a tecnologia militar está ensaiando com êxito nessa operação de limpeza étnica. E como sempre, sempre o mesmo: em Gaza, cem a um. Para cada cem palestinos mortos, um israelense. Gente perigosa, adverte o outro bombardeio, por conta dos meios de manipulação em massa, que nos convidam a acreditar que uma vida israelense vale tanto quanto cem vidas palestinas. Esses meios nos convidam também a acreditar que são humanitárias as duzentas bombas atômicas de Israel, e que uma potência nuclear chamada Irã foi a que aniquilou Hiroshima e Nagasaki. 

A chamada comunidade internacional ... ela existe? É algo mais que um clube de mercadores, banqueiros e guerreadores? É algo mais que o nome artístico que os Estados Unidos se dão quando fazem teatro? Diante da tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial brilha mais uma vez. Como sempre, a indiferença, os discursos vazios, as declarações ocas, as declarações mais ressonantes e as posturas ambíguas rendem tributo à sagrada impunidade. Diante da tragédia de Gaza, os países árabes lavam as mãos. Como sempre. E como sempre, os países europeus esfregam as mãos. 

A velha Europa, tão capaz de beleza e perversidade, derrama uma que outra lágrima enquanto secretamente celebra essa jogada de mestre. Por que a caça aos judeus sempre foi um costume europeu, mas há meio século essa dívida histórica está sendo cobrada aos palestinos, que também são semitas, e que nunca foram, nem são, anti-semitas. Eles estão pagando, em sangue corrente e soante, uma conta alheia. 

(Esta artigo está dedicado a meus amigos judeus assassinados pelas ditaduras latino-americanas que Israel assessorou)

POSTADO POR GILSONSAMPAIO