"Não existe, em nossa época, iniciativa mais ridícula do que atacar um regime democrático nem tentação mais vergonhosa do que tentar derrubar os poderes soberanos do povo", diz Paulo Moreira Leite, diretor do 247 em Brasília; "Um mal disfarçado projeto golpista, que reflete a incapacidade de conviver com a vontade expressa da maioria, retira dos atos de hoje qualquer fiapo de pretendida dignidade", afirma; "As conspirações anti-democráticas devem ser denunciadas e combatidas sempre mas podem levar semanas, durar meses ou prolongar-se por anos. anos. O ideal é que sejam derrotadas de imediato"; leia a íntegra
Lembrando da malfadada Marcha com Deus pela Familia e pela Liberdade, que ajudou a derrubar João Goulart, três décadas atrás, é justo perguntar quando o país começará a dar gargalhadas dos protestos contra a democracia programados para hoje.
Explico. Não existe, em nossa época, iniciativa mais ridícula do que atacar um regime democrático nem tentação mais vergonhosa do que tentar derrubar os poderes soberanos do povo.
É um movimento que contraria as melhores lições políticas que a humanidade aprendeu nos séculos que se seguiram a Revolução Francesa.
Que nega uma civilização inteira, na qual nossos filhos e netos merecem viver para que possam construir um mundo melhor para seus próprios filhos e seus netos.
Um mal disfarçado projeto golpista, que reflete a incapacidade de conviver com a vontade expressa da maioria, retira dos atos de hoje qualquer fiapo de pretendida dignidade.
Podem ser admitidos por lei mas são errados como cuspir no chão, bater em criança e perseguir quem não pode se defender.
As conspirações anti-democráticas devem ser denunciadas e combatidas sempre mas podem levar semanas, durar meses ou prolongar-se por anos. anos.
O ideal é que sejam derrotadas de imediato, mas isso pode levar mais tempo. As vezes, acontece a tragédia de chegarem ao poder, como já ocorreu com tantos povos e países, inclusive conosco, infelizmente, logo depois daquela marcha de 1964. Mas sempre serão vencidas, inevitavelmente.
Os ditadores podem fugir do palacio pela porta dos fundos, podem ser julgados e enforcados, podem ser pendurados de cabeça para baixo pela massa em fúria por direitos que foram roubados, pelo sofrimento causado.
Com frequencia, reescrevem a própria história, escondem seus crimes, dissimulam, apagam indícios e sinais.
O mais comum é que sejam ridicularizados em sua arrogância, em seu sonho pretensioso mas no fundo apenas criminal e perigoso. Isso porque não há argumento defensável na boca de quem tenta vencer a vontade soberana de uma nação.
A derrota dos adversários da democracia é inevitável como a alvorada depois da noite.
É certa como a esperança que todo os dias nos leva sair da cama para lutar pelo bem ainda que o mal pareça inevitável, a preferir a verdade no lugar da mentira.
Eles nunca deixarão de ser uma excrescência absoluta, nem deixarão de refugiar-se na hipocrisia dos que falsificam a história sem escrúpulos nem dores na consciência. Mas estão condenados a perder, porque sua mensagem não eleva o bem estar do povo nem torna os homens e mulheres de hoje mais iguais — mais humanos na realidade — do que homens e mulheres de ontem.
Seus projetos são obscuros e regressivos e é por isso, mais do que qualquer outra razão, que eles perdem todos os debates quando as diferenças se esclarecem, não conseguem ganhar nenhuma eleição quando as fantasias se desmancham e o importante aparece.
Detestam o voto popular, que só disputam quando não há outro jeito. Mesmo assim tentam comprar a vontade dos fracos, alugar a consciência dos estudados.
Os ataques à democracia fazem feridos, matam e machucam.
Mas sempre chega a hora em que podemos rir deles, em gargalhadas que hoje fazem eco em minha memória, quando lembro da minha mãe falando sobre as vizinhas, amigas e nem tão amigas que foram às ruas para pedir golpe em março de 1964.
Professora num bairro de classe média, lutadora por muitos direitos que poucos conheciam na época, dona Alcina tinha orgulho de ter recusado convites e apelos para sair de casa naquele dia. Isso lhe fazia sentir orgulho, dava um sentimento de honra, de dever cumprido. Também era a alegria de quem não se deixara enganar.
Em tempos de maior religiosidade, aquelas mulheres carregavam terços, usavam véus — e vociferavam contra blasfêmias e pecados da época em que a mudança social estava tão distante e a ignorância geral era tão grande que podia ser apresentada como obra do demônio.
Para combater o que se chamava de subversão, diziam que iriam eliminar a corrupção. O truque é antigo, como sabemos. Não vamos nos iludir.
Os protestos de hoje querem revogar as melhorias feitas na vida do povo.
Expressam o inconformismo de quem não suporta assistir ao progresso dos que sempre estiveram em baixo.
Seu horizonte é a escuridão e seu destino final será fornecer enredos e personagens para as anedotas e comédias do futuro.
A gargalhada dos homens e mulheres de amanhã é o destino inevitável dos golpistas que desfilam hoje. Nada mais merecem além de vaias, piadas e deboche.
do Brasil 247
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