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quinta-feira, 19 de maio de 2016

“A casa grande surta, quando a senzala vira médica”.

Cor, cabelo e pobreza não barram mais Suzane, Nem na vida, nem no Planalto. Por Jari da Rocha

suzane
Se dependesse somente da imprensa tarefeira, o quadro seria desolador. O golpe é um monstro de mil cabeças zoiudas e asquerosas com línguas partidas e afiadas. O veneno destilado, causador de paralisia cerebral e transformador de vítimas em zumbis raivosos, é distribuído nas melhores casas do ramo.
Os tempos são de guerra, mas também de esperança.
Ontem essa esperança veio em forma de Suzane da Silva.
Petulante, em poucos  minutos, varreu pra longe o baixo astral e arrebatou, de uma só vez, milhares de corações e mentes brasileiras.
A aparição de Suzane foi bem mais que um antídoto capaz de fazer reviver.
Foi uma fala de quem não se conforma com o destino que foi traçado lá atrás. Uma fala de reconhecimento aos avanços indubitáveis e que eram necessários serem demarcados, frisados, relembrados. Foi uma fala de orgulho, de esperança e também de alerta e reivindicação.
“A saída é pela esquerda. É o que todos nós estamos gritando aqui”.
O recado foi dado, deve ter mexido profundamente com a presidenta, que, naqueles dois minutos deve ter repensado em tudo que todos nós vínhamos gritando. A gente já conhece o caminho da austeridade, da recessão e dos remédios amargos que só pioram a vida do trabalhador. “A saída é pela esquerda”, disse Suzane.
“A casa grande surta, quando a senzala vira médica”.
Sim, Suzane. A gente sabe que a casa grande surta e esperneia quando pessoas como tu e milhões de outros brasileiros dizem não à história traçada e planejada lá nos tempos das capitanias. História traçada nos trezentos e vinte e dois anos de colônia. Nos tempos dos imperadores, na república vacilante e, finalmente, nessa incipiente democracia.
Essa turma que insiste em definir o destino alheio não cansa. São que nem herpes, sempre voltam.
Eles estão por aí escrevendo editoriais que tratam com normalidade os cafajestes do congresso. Eles estão por aí emitindo liminares que são aprovadas em segundos. Há aqueles que conduzem coercitivamente, há os que tramam, e os que conspiram. Tentam a todo custo engessar nossos destinos. Cada um é uma cabeça zoiuda do monstro Golpe.
Os tempos são de guerra, mas também de esperança. São tempos estranhos, que não se pode abaixar a cabeça para o monstro asqueroso.
Será que ela vai conseguir entrar no hospital com aquele cabelo?
“Entro no hospital, entro no avião e entro no Palácio do Planalto”.
Eita, menina porreta!
do Blog Tijolaço

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