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sábado, 10 de novembro de 2012

A mídia e o judiciário partidarizados


A Mídia e os Juízes 
Marcos Coimbra 

Ainda há quem duvide quando ouve que a mídia brasileira é partidarizada. 

Que tem posição política e a defende com unhas e dentes. Por opção ideológica e preferência político-partidária, ela é contra o PT. 

Desaprova os dois presidentes da República eleitos pelo partido e seus governos. 

Discorda, em princípio, do que dizem e fazem seus militantes e dirigentes. 

A chamada “grande imprensa” é formada por basicamente quatro grupos empresariais. 

Juntos, possuem um vasto conglomerado de negócios e atuam em todos os segmentos da indústria da comunicação. 

Têm um grau de hegemonia no mercado brasileiro de entretenimento e informação incomum no resto do mundo. 

É coisa demais na mão de gente de menos. 

Afirmar que ela faz oposição ao PT e a seus governos não é uma denúncia vazia, uma “conversa de petista”.  

Ficou famosa, pela sinceridade, a declaração da presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e diretora-superintendente do Grupo Folha, Judith Brito, segundo quem (...) os meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste País, uma vez que a oposição está profundamente fragilizada”. 

Disse isso em março de 2010 e nunca se retratou ou foi desautorizada por seus pares ou empregadores.

Pelo contrário. 

Cinco meses depois, foi reconduzida, “por aclamação”, à presidência da ANJ. 

Supõe-se, portanto, que suas palavras permanecem válidas e continuam a expressar o que ela e os seus pensam. 

A executiva falava de maneira concreta. 

Ela não defendia que a mídia brasileira fizesse uma oposição abstrata, como a que aparece no aforismo “imprensa é oposição, o resto é armazém de secos e molhados”. 

Propunha que atuasse de maneira tipicamente política: contra uns e a favor de outros. 

O que dizia é que, se a oposição partidária e institucionalizada falha, alguém tem que “assumir a responsabilidade”. 

O modelo implícito no diagnóstico é o mesmo que leva o justiceiro para a rua. 

Inconformado com a ideia de que os mecanismos legais são inadequados, pega o porrete e vai à luta, pois acha que “as coisas não podem ficar como estão”. 

Se os políticos do PSDB, DEM, PPS e adjacências não conseguem fazer oposição ao PT, a imprensa toma o lugar. 

Proclama-se titular da “posição oposicionista deste País”, ainda que não tenha voto ou mandato. 

Enquanto o que estava em jogo era apenas a impaciência da mídia com a democracia, nenhum problema muito grave. 

Por mais que seus editorialistas e comentaristas se esmerassem em novas adjetivações contra o “lulopetismo”, pouco podiam fazer. 

Como dizia o imortal Ibrahim Sued, “os cães ladram e a caravana passa” - entendendo-se, por caravana, Lula, Dilma, o PT e sua ampla base na sociedade, formada por milhões de simpatizantes e eleitores. 

Aí veio o julgamento do “mensalão”. 

A esta altura, devem ser poucos os que ainda acreditam que a cúpula do Judiciário é apolítica. 

Os que continuam a crer que o Supremo Tribunal Federal (STF) é uma corte de decisão isenta e razoável. 

Desde o início do ano, seus integrantes foram pródigos em declarações e atitudes inconvenientes. 

Envolveram-se em quizílias internas e discussões públicas. 

Mostraram o quanto gostavam da notoriedade que a aproximação do julgamento favorecia. 

Parece que os ministros do STF são como Judith Brito: inquietos com a falta de ação dos que têm a prerrogativa legítima, acharam que “precisavam fazer alguma coisa”. 

Resolveram realizar, por conta própria, a reforma da política. 

O STF não é o lugar para consertá-la e “limpá-la”, como gostam de dizer alguns ministros, em péssima alusão a noções de higienismo social. 

Mas o mais grave é a intencionalidade política da “reforma” a que se propuseram. 

A mídia e o STF estabeleceram uma parceria. 

Uma pauta o outro, que fornece à primeira novos argumentos. 

Vão se alimentando reciprocamente, como se compartilhassem as mesmas intenções. 

A pretexto de “sanear as instituições”, o que desejam é atingir adversários. 

O julgamento do “mensalão” é tão imparcial e equilibrado quanto a cobertura que dele faz a “grande imprensa”. 

Ela se apresenta como objetiva, ele como neutro. Ambos são, no entanto, essencialmente políticos. 

As velhas raposas do jornalismo brasiliense já viram mil vezes casos como o do “mensalão”, mas se fingem escandalizadas. 

Vivendo durante anos na intimidade do poder, a maioria dos ministros presenciou calada esquemas para ganhar mais um ano de governo ou uma reeleição, mas agora fica ruborizada. 

O que ninguém imaginava era quão simples seria para a mídia ter o Supremo a seu lado. Bastavam algumas capas de revista. 

E agora que se descobriram aliados, o que mais vão fazer juntos?  

do blog O Esquerdopata 





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