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terça-feira, 9 de abril de 2013

Santayana: Qualquer agressão desatinada a Lula desatará crise nacional

O processo contra Lula e a força do simbolismo 

Como Getúlio e Juscelino, cada um deles em seu tempo, Lula é símbolo do povo brasileiro. 

Acusam-no hoje de ajudar os empresários brasileiros em seus negócios no Exterior. 

O grave seria se ele estivesse ajudando os empresários estrangeiros em seus negócios no Brasil. 

Por Mauro Santayana, em Carta Maior 

O Ministério Público do Distrito Federal – por iniciativa do Procurador Geral da República – decidiu promover investigação contra Lula, denunciado, por Marcos Valério, por ter intermediado suposta “ajuda” ao PT, junto à Portugal Telecom, no valor de 7 milhões de reais. 

O publicitário Marcos Valério perdeu tudo, até mesmo o senso da conveniência. É normal que se sinta injustiçado. A sentença que o condenou a 40 anos de prisão foi exagerada: os responsáveis pelo seqüestro, assassinato e esquartejamento de Eliza Salmúdio foram condenados à metade de sua pena. 

Assim se explica a denúncia que fez contra o ex-presidente, junto ao Procurador Geral da República, ainda durante o processo contra dirigentes do PT. 

O Ministério Público se valeu dessas circunstâncias, para solicitar as investigações da Polícia Federal – mas o aproveitamento político do episódio reclama reflexões mais atentas. 

Lula é mais do que um líder comum. 

Ele, com sua biografia de lutas, e sua personalidade dotada de carisma, passou a ser um símbolo da nação brasileira, queiramos ou não. 

Faz lembrar o excelente estudo de Giorg Plekhanov sobre o papel do indivíduo na História. 

São homens como Getúlio, Juscelino e Lula que percebem o rumo do processo, com sua ação movem os fatos e, com eles, adiantam o destino das nações e do mundo. 

Há outro ponto de identificação entre Lula e Plekhanov, que Lula provavelmente desconheça, como é quase certo de que desconheça até mesmo a existência desse pensador, um dos maiores filósofos russos. 

Como menchevique, e parceiro teórico dos socialistas alemães, Plekhanov defendia, como passo indispensável ao socialismo, uma revolução burguesa na Rússia, que libertasse os trabalhadores do campo e industrializasse o país. 

Sem passar por essa etapa, ele estava convencido, seria impossível uma revolução proletária no país. É mais ou menos o que fez Lula, em sua aliança circunstancial com o empresariado brasileiro. 

Graças a essa visão instintiva do processo histórico, Lula pôde realizar uma política, ainda que tímida, de distribuição de renda, com estímulo à economia. 

Mediante a retomada do desenvolvimento econômico, com a expansão do mercado interno, podemos prever a formação de uma classe operária numerosa e consciente, capaz de conduzir o processo de libertação. 

Não importa se o grande homem público brasileiro vê assim a sua ação política. O importante é que esse é, conforme alguns lúcidos marxistas, começando pelo próprio Marx, o único caminho a seguir. 

Como Getúlio e Juscelino, cada um deles em seu tempo, Lula é símbolo do povo brasileiro. 

Acusam-no hoje de ajudar os empresários brasileiros em seus negócios no Exterior. O grave seria se ele estivesse ajudando os empresários estrangeiros em seus negócios no Brasil. 

Lula não é uma figura sagrada, sem erros e sem pecados

É apenas um homem que soube aproveitar as circunstâncias e cavalgá-las, sempre atento à origem de classe e fiel às suas próprias idéias sobre o povo, o Brasil e o mundo. 

Mas deixou de ser apenas um cidadão como os outros: ao ocupar o seu momento histórico com obstinação e luta, passou a ser um emblema da nacionalidade. 

Qualquer agressão desatinada a esse símbolo desatará uma crise nacional de desfecho imprevisível. 

Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte. 


POSTADO POR DANIEL PEARL

do BLOG DO SARAIVA

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