JN eleva audiência ao falar mal da própria Globo Conexão Jornalismo
A estratégia da TV Globo de fazer mea-culpa histórica confessando seu engajamento no golpe e na instalação da ditadura militar no Brasil pode não ter efeito prático nas ruas, onde manifestantes não param de criticá-la, mas é certo que o posicionamento reacionário da emissora lhe rendeu pontualmente alguns pontos no Ibope.
Sua média subiu de 25/26 pontos para 30 na edição de ontem.
Apresentado por William Bonner e Patrícia Poeta (foto), o jornalístico dedicou cerca de 2 minutos e 40 segundos a uma leitura de nota oficial onde admite publicamente que apoio das Organizações Globo ao Golpe de 1964 foi um erro.
A audiência do telejornal foi alta para o horário.
O "Jornal Nacional" registrou, de acordo com dados do Ibope, 30 pontos e média com pico de 34 pontos. Durante o horário de confronto com o "JN", a Record marcou 8.8 pontos de média e o SBT marcou 8.7 pontos. A Band marcou apenas 1,3 ponto.
Cada ponto representa 62 mil domicílios na Grande São Paulo.
Os números acima são prévios e podem sofrer alterações para mais ou para menos no consolidado.
Para analistas, a Globo tenta, com este exercício tardio de humildade, silenciar uma das bandeiras dos manifestantes que há anos gritam a vinculação da emissora com a ditadura militar.
Além de apoiar o golpe, que destituiu da Presidência da República o presidente João Goulart, a emissora apoiar a instalação dos militares que cassaram direitos civis, parlamentares e iniciaram uma onda de perseguição contra os opositores do regime que resultou em prisões arbitrárias, desaparecimentos, torturas e mortes.
Há indicações de que pelo menos 500 pessoas estão desaparecidas no Brasil.
Por outro lado, a opção da Globo por apoiar a ditadura militar rendeu ao empresário Roberto Marinho muitas vantagens no campo econômico, financeiro e empresarial.
Construiu um império da Comunicação jamais visto em nenhum outro lugar do planeta.
TVs, rádios e jornais em todos os estados em uma rede de comunicação que viola o princípio da regionalização cultural.
Hoje, com o advento da Internet, a Globo tenta criar embaraços ao surgimento de novas mídias forçando os governos a concentrarem verbas oficiais exclusivamente entre os grupos empresariais tradicionais (todos estiveram do mesmo lado durante a ditadura militar).
Só a Globo concentra 60% das verbas com a publicidade oficial.
Postado por René Amaral
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