REGULAÇÃO DA MIDIA,JÁ!

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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Uma vitória épica contra o golpismo

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

Confesso que ainda estou em estado de graça com a derrota épica que impusemos sobre a mais poderosa e mais golpista rede de mídia do planeta.

Ainda não tive tempo ou pachorra para analisar a vitória de Dilma Rousseff.

Vim para São Paulo, para pegar os últimos dias da Mostra Internacional de Cinema, e tenho conversado com bastante gente.

O pessoal da mostra, quase todos votaram Dilma. Alguns votaram em Luciana Genro no primeiro turno, mas a petista foi a opção da maioria do andar de baixo do cinema (em termos pecuniários), no segundo turno.

É uma grande e idiota falácia falar que “desinformados” votam em Dilma. Acho que aconteceu exatamente o contrário.

Mesmo a questão de escolaridade, também engana muito.

O marido da Geraldine Chaplin, que está sendo homenageada na Mostra, contou-me ontem que acompanhou as eleições do Brasil na Suíça, pelo rádio, muito nervoso com a possibilidade de uma vitória da direita.

Confesso também que não estou nem um pouco interessado em “união”.

A polarização política é inevitável e acho que o governo cometerá o mesmo erro da primeira gestão se escolher o caminho da concessão ao conservadorismo midiático.

A mídia já está tentando queimar Ricardo Berzoini, por exemplo. Ela tem ojeriza de qualquer nome que possua espinha dorsal própria.

E se a mídia não gosta de Berzoini é porque ele é bom, e pode ser um quadro importante para fortalecer o governo.

Dilma precisa de nomes fortes, que tenham virilidade política, ou seja, colhões para responder aos ataques de uma mídia que se tornou o principal partido de oposição.

Por exemplo, “delação premiada” agora virou arroz de festa. Setores do Ministério Público conectados com a oposição parecem estar direcionando as delações para o caminho que desejam. E continuam a fazer vazamentos seletivos.

A única maneira do governo reagir ao golpismo da mídia é encará-lo de frente, sem medo.

Não é preciso esperar uma regulamentação da mídia ser aprovada pelo Congresso.

O governo, se quiser apoio dos setores populares, terá que se mostrar corajoso.

Não é preciso, por exemplo, esperar o Congresso para fazer um grande investimento na TV Brasil.

A imagem do coração valente não pode morrer.

Ontem, numa das festas da Mostra, um dos garçons, me vendo conversar sobre política com os convidados, veio puxar assunto comigo, e disse que apenas os donos do restaurante votaram em Aécio.

“A piãozada foi toda de Dilma”, contou-me, orgulhoso.

Pois é. Essa é a razão pela qual ando tão feliz nos últimos dias.

A todo momento, respiro fundo, degustando a vitória.

As idiotices sobre “bolsa família”, as manifestações de preconceito, os abaixo assinados pelo impeachment de Dilma, apenas merecem minha indiferença e desprezo.

Não estou mais interessado nisso.

A partir de agora, volto a trabalhar nas reportagens investigativas e nas análises políticas.

Uma análise que adianto, por exemplo: na semana que se seguiu ao primeiro turno, quando a onda Aécio crescia, Eduardo Cunha plantou notinha na coluna do Ilimar Franco, da Globo, dizendo que a liderança de Michel Temer no PMDB estaria em cheque se Aécio ganhasse, conforme parecia ser a tendência.

Temer reagiu astutamente no dia seguinte, na mesma coluna: “por essa linha de raciocínio, se Dilma ganhar, ele (Cunha) não pode ser presidente da Câmara”.

Xeque-mate.

Eduardo Cunha apostou em Aécio Neves. Perdeu. Terá dificuldades para seu plano (diabólico, a meu ver; e desastroso para o Brasil) de ser presidente da Câmara.

A derrota de Dilma no decreto da Participação Popular foi bem analisada por Gilberto Carvalho: uma vitória de Pirro da oposição, que apenas se queima junto a todos os movimentos sociais organizados do país, que tinham grande esperança no decreto.

O mesmo projeto poderá ser retomado mais tarde. Um dia ou outro, será aplicado, porque o poder pertence ao povo, e tem de ser dado ao povo. A representação política, como é feita hoje, não mais da conta da imensa diversidade de um país como o Brasil.

A presidenta terá a oportunidade de colher as grandes obras de infra-estrutura que ela mesmo iniciou em sua primeira gestão, ou ainda na era Lula, como a transposição do Rio São Francisco, as refinarias Abreu e Lima e Comperj, as hidrelétricas, as ferrovias, os portos, etc.

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Em São Paulo, estamos testemunhando as consequências de um dos maiores crimes jornalísticos de todos os tempos. Milhões de pessoas, dezenas de indústrias, estão sofrendo com falta d’água, porque a mídia protegeu o governo do PSDB. Medidas urgentes, como racionamento de água, não foram aplicadas.

Os prejudicados, naturalmente, serão os mais pobres, que não podem comprar carros pipa.

Hospitais, escolas, postos de saúde, lojas, indústrias, campos agrícolas, todos pagarão pela incompetência absurda do governo do PSDB de não investir em infra-estrutura hídrica.

O estado que viveu terríveis enchentes nos últimos anos não fez o necessário planejamento para juntar água e, sobretudo, para interligar os sistemas de abastecimento do estado.

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O senador Aloysio Nunes é um homem perigoso e violento. Já demonstrou isso ao xingar e agredir um blogueiro que tentou lhe entrevistar.

O governo democrático e popular tem de ficar de olho nessa fera. Ele tentará, seguramente, agredir as redes sociais e os blogs porque sabe que estes foram responsáveis pela derrota do PSDB.

Seus ataques recentes às redes sociais, tentando criminalizá-las por terem derrotado seu candidato, sinalizam intenções sinistras.

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A internet é livre e vivemos num regime democrático com liberdade de expressão. O senador Aécio Neves não encontrará descanso. Iremos cobrar a continuidade das investigações sobre todos os crimes que foram denunciados durante a campanha deste ano: a construção do aeroporto de Cláudio é apenas um exemplo.

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Leiam a entrevista do professor Wanderley Guilherme para o Paulo Moreira Leite. Ele defende a urgência da democratização dos meios.

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