Davis Sena Filho DAVIS SENA FILHO
23 DE JANEIRO DE 2015 ÀS 17:23
A satanização recorrente de José Dirceu se tornou, indelevelmente, um dos mais covardes e perversos linchamentos da história recente da política brasileira
Mais uma vez, e não vai ser a última, que as mídias familiares e essencialmente de mercado voltam a bater no ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, um dos principais militantes históricos do Partido dos Trabalhadores, e, principalmente, um dos articuladores políticos mais influentes do País, antes da chegada da agremiação popular ao poder máximo da República Federativa do Brasil, por intermédio do líder trabalhista, Luiz Inácio Lula da Silva.
Sem sombra de dúvida, a direita de passado escravocrata e que atualmente se articula para evidenciar toda sorte de golpes políticos e jurídicos não se esquece de Dirceu, pois a intenção é dar um caráter maior às "crises" em suas manchetes, pois sabedora que o político ora encarcerado se tornou um símbolo da "corrupção" do PT e do Governo Trabalhista, e, portanto, quando necessário, recorre-se ao seu nome, mesmo se o político não tiver quaisquer envolvimentos com lutas políticas e partidárias, bem como em escândalos que frequentam as capas dos jornais e revistas e as chamadas de televisões e rádios.
A satanização recorrente de José Dirceu se tornou, indelevelmente, um dos mais covardes e perversos linchamentos da história recente da política brasileira. Não existe nada mais sórdido e infame do que as ações e os atos de jornais e revistas como o Globo, a Folha, o Estadão, a Veja e a IstoÉ, além das televisões cujas redações são pautadas por essas publicações, que há muito tempo abandonaram o jornalismo e que hoje se dedicam, pura e somente, a achincalhar e a linchar àqueles que são considerados inimigos dos magnatas bilionáros de todas as mídias cruzadas, que exigem submissão do poder público e que os governantes efetivem suas agendas políticas e econômicas, conforme seus interesses inconfessáveis.
No meio dessa parafernália política capitaneada pelo maior partido de direita deste País, a imprensa de negócios privados, eis que surge novamente o nome de José Dirceu no caso Lava Jato. As Organizações(?) Globo, por intermédio de seus bate-paus, toma a frente da demonização de José Dirceu, o acusa, o julga e o condena mais uma vez, pois só falta os repórteres, blogueiros e colunistas de tal organização(?) assumirem também os papéis de policiais e carcereiros do homem escolhido por eles para fazer o papel eterno de protagonista de escândalos e de malfeitos.
É acinte e infâmia a um cidadão punido e a cumprir sua punição, pois considerado, sem provas, o articulador do "mensalão" do PT, porque o do PSDB, o mais antigo, ainda não chegou às barras dos tribunais, vai completar 11 anos e até hoje nenhum tucano foi preso, porque eles são blindados e por isto intocáveis. Pelo contrário, frequentam as páginas e as telas da imprensa historicamente aliada do PSDB como grandes políticos e homens preparados para tomarem conta dos destinos do Brasil. Fato este que, realmente, só rindo para não se irritar demais, porque a única coisa que sobra para confortar tanta leviandade e aleivosia por parte da imprensa comercial é o deboche.
A verdade é que continuar a bater em José Dirceu é como fazer o cidadão brasileiro lembrar do "mar de lama", dos tempos de Getúlio Vargas e da "república sindicalista", dos idos de João Goulart. Dirceu é a "sombra do medo e da iniquidade", que paira sobre os valores e os princípios da classe média coxinha, que sempre "lembra" de sua figura por intermédio da imprensa de caráter pérfido e insidioso, que transforma a imagem de Dirceu em uma pessoa que veio para destruir o modo de vida de uma classe média de gerações universitárias, mas completamente colonizada, conservadora, consumista, individualista e politicamente analfabeta, pois desconhece a história do Brasil, dos partidos e de suas respectivas correntes ideológicas, bem como os bastidores da política. Uma classe média alienada, impiedosa socialmente, mas que tem o instinto conservador preservado, ao ponto de sentir rancor por detestar ver sua empregada doméstica ou seu porteiro no aeroporto ou em shopping que frenquenta.
E é para ela que a máquina midiática do sistema de capitais se reporta, porque o propósito é ter seu apoio para sua agenda política e econômica, que é a mesma agenda liberal do governo de FHC — o Neoliberal I —, aquele senhor também conhecido pela alcunha de o Príncipe da Privataria, que foi ao FMI três vezes, de joelhos, humilhado, com o pires nas mãos, porque quebrou o Brasil três vezes. As elites, especificamente os magnatas bilionários de imprensa, conhecem muito bem os coxinhas, e percebem que apoios aos seus interresses não vão faltar-lhes, afinal o sonho do pequeno burguês é virar burguês e talvez um dia frequentar as patuscadas, papanças e comezainas da Casa Grande. A ascensão social é difícil, sempre o foi, mas a classe média conservadora se dá por satisfeita, até porque sonhar não custa dinheiro e ameniza as dores dos limites impostos pelo bolso.
O resultado das eleições gerou inconformismo à direita partidária e a segmentos empresariais. Por isso, não há trégua ao Governo Trabalhista, como o sistema mídiático privado jamais deu trégua a Lula, a Brizola, a Jango e a Getúlio. Trabalhistas no poder para a direita brasileira é sinal de luta política sistemática e desleal. Trabalhistas sempre tiveram votos, mesmo a ter a mídia imperialista como adversária. O espectro conservador compreende que os trabalhistas distribuem renda, riqueza e empregos, além de permitirem o acesso à educação e primarem por uma política externa independente e não alinhada automaticamente aos Estados Unidos e à União Europeia.
Os programas sociais e projetos nacionais são tudo o que a direita entreguista e antinacional não quer, até porque a burguesia colonizada, americanófila e apátrida se opõe aos interesses do Brasil e não reconhece seu próprio povo como sujeito cívico, e, com efeito, somente serve para ela apenas como mão de obra barata. Sendo assim está enraizado em seu âmago o desprezo pelo Brasil, o que não acontece, por exemplo, com a direita francesa, inglesa e estadunidense. A resumir: a direita brasileira é pária de direitistas estrangeiros, que pelo menos defendem os interesses de seus países. Ponto.
José Dirceu representa um pouco disso tudo, no que diz respeito à direita colocá-lo como foco de situações das quais ele não tem participação. Advogado, apessoado, branco, de classe média, optou por militar na esquerda, liderou manifestações estudantis e teve de ir para as sombras da política, porque senão seria assassinado pelo estado ditatorial. Dirceu, ainda muito jovem e depois de sair do PCB, integrou as Dissidências (DI-SP), que tinham forte afinidade política e ideológica com o grupo de Carlos Marighela, criador da Ação Libertadora Nacional (ALN), e este fato é imperdoável até hoje para os brucutus de direita. Além disso, em 1969, o político foi um dos 15 presos políticos trocados pelo embaixador norte-americano, Charles Burke Elbrick. Uma derrota humilhante para a ditadura, que, indubitavelmente, era muito mais forte, treinada e aparelhada do que estudantes, operários, camponeses, militares e políticos que, porventura, entraram na luta armada.
José Dirceu foi deportado para o México. Depois foi para Cuba e após a redemocratização, em 1979, o socialista surge como um dos articuladores da esquerda brasileira e, juntamente com o Lula e outros companheiros, funda o PT, coopera para criar a CUT e se torna uma das principais lideranças políticas do partido e do País. Ideológico, Dirceu foi um dos principais interlocutores da esquerda junto à direita para negociar temas e pontos no decorrer da Constituinte de São Paulo, quando confrontou a direita mais poderosa do País. Certamente, Dirceu fez muitos inimigos, como se comprovou posteriormente no caso do "mensalão", o do PT, que é uma das maiores farsas de conotação política oquestrada e levada a cabo pelo oligopólio midiático que viceja à vontade em terras brasileiras, porque é um setor da economia, impressionantemente, ainda não regulamentado.
Contudo, as razões para se efetivar um linchamento persistente a José Dirceu são muitas e variadas.
A verdade é que o politico está à mercê dos maus bofes de feitores em postos de mando da imprensa alienígena, a obedecerem ordens de seus patrões bilionários e inquilinos da plutocracia, que tem tanto poder ao ponto de fazer com que juízes e promotores, consumidores de suas notícias mequetrefes e rastaqueras, consideram ter o direito de serem influenciados, o que, irrefragavelmente, é o fim da picada. Juízes e promotores que cooperam para judicializar a política e fazerem de seus ofícios verdadeiros bastiões para a oposição tucana, a mídia hegemônica, que deseja manter, a todo custo, o direito de falar sozinha, porque defende a liberdade de expressão apenas para si e seus aliados, pois de caráter inegavelmente despótico.
Agora vem a Globo, a Globo News e o Globo novamente transformar José Dirceu, que resignadamente está a cumprir sua pena, em bruxa na fogueira.
É uma lástima tanta perfídia e infâmia praticada por uma máquina midiática privada e concessionária do poder público, que, ordinariamente e propositalmente, manipula os fatos, distorce as realidades em proveito político próprio e os joga no ventilador. É a cara do Jornal Nacional, dos bilionários irmãos Marinho e de seus lugares-tenentes, William Bonner e Ali kamel, este o executivo principal da megaempresa de comunicação, que determinaram um novo ataque à moral e à cidadania de José Dirceu.
Como todo mundo está careca de saber, Dirceu é advogado e, desde quando saiu do governo e perdeu seu mandato de deputado federal, fundou uma empresa de assessoria e consultoria, a JDA, como tantas que vicejam no Brasil.
Todavia, Dirceu é muito conhecido, exerceu postos e cargos de poder, tem conhecimento sobre inúmeras questões, afinal ele foi um político influente e que, evidentemente. adquiriu competências para dar consultas e assessoria a empresários, políticos e a pessoas de vários ramos de atividade profissional e empresarial.
Por seu turno, a mídia de direita e adversária dos politicos que estão no poder, transformam a atividade profissional do advogado José Dirceu em ações ilegais, porque a conotação que se dá às notícias sobre o ex-ministro é negativa e depreciativa, sem sombra de dúvida.
Somente beócios e mentecaptos, mesmo os que concordam com a imprensa burguesa, acreditam em tanta vilania política e ilações desprovidas de fundamentos e provas, como fizeram com o "mensalão", somente o do PT, por meio da teoria do domínio do fato, aplicada de forma seletiva e a desrespeitar a tradição e a jurisprudência brasileiras.
Segundo nota ao público, a JDA deu consultoria às empresas OAS, UTC e Queiroz Galvão, de acordo com os contratos firmados, que dispõem sobre as atuações dessas empresas na América Latina e na Europa. Além disso, segundo a JDA, os serviços contratados não tem vínculos com as investigações da operação Lava Jato. Além do mais, José Dirceu não ocupava cargo público no período coberto pelos contratos. Para finalizar, a empresa de Dirceu afirmou que ele está à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos.
A intenção dessa imprensa despida de ética jornalística e feroz com aqueles que ela considera inimigos a serem aniquilados com acusações mentirosas, notícias manipuladas e geralmente pinçadas de um contexto mais amplo tem a finalidade de acuar o Governo Trabalhista de Dilma Rousseff e, para isso, a figura de Dirceu é fundamental, porque há muito tempo o sistema midiático triturador de reputações alheias e não regulamentado o transformou em um espantalho de si próprio, jogado ao limbo e preso indeterminadamente ao purgatório midiático.
Uma "prisão" administrada pelos magnatas bilionários de imprensa e seus asseclas, historicamente golpistas e sonegadores de bilhões em impostos devidos à Nação brasileira, até que essa gente considere que José Dirceu seja esquecido e que tenha aprendido a lição por integrar a esquerda e não a direita, como o fez Carlos Lacerda — o Corvo —, golpista-mor, que foi cooptado pelo sistema e, por sua vez, transformou-se em algoz virulento e histérico de Getúlio e Jango, que depois do golpe de estado de 1964 foi escanteado pelos militares e desprezado ao ponto de o Corvo ter de procurar Jango e JK para formalizar a Frente Ampla, uma aliança para enfrentar os militares e, por conseguinte, restabelecer as eleições diretas para presidente da República.
Nada como um dia após o outro, principalmente quando se trata de traidores e golpistas, a exemplo de Lacerda.
Os generais, evidentemente, sufocaram quaisquer reações e ficaram 21 anos no poder. Até os dias de hoje o Corvo tem viúvas choronas que vão às ruas pedir "intervenção" (golpe) militar, sendo que as mais choronas são os magnatas bilionários de imprensa oligopolizada. Contudo, as vivandeiras de quartel jamais desistirão e por isso continuam a tentar influenciar a sociedade brasileira e impor suas agendas politicas junto á socieade civil organizada e suas instituições republicanas, exemplificadas no Congresso, no STF e no Planalto.
Ameaçam, manipulam, mentem, boicotam e sabotam.
Transformam simples acontecimentos como uma queda de energia por algumas horas, em horário de pico, em pleno verão de 40 graus, em um escândalo de dimensões interplanetárias, a ter como objetivo não somente combater o Governo Trabalhista, mas, principalmente, cooptar o apoio da população, principalmente da classe média conservadora, que está sempre disposta a aprovar a agenda política dos magnatas bilionários de imprensa, que é defendida também pelos aliados tucanos do PSDB, em todos os plenários. A classe média de direita é a hipocrisia e o cinismo em forma de Marcha da Família, com Deus e pela Liberdade.
Além de tudo que foi dito, o ódio a José Dirceu, a covardia e o linchamento moral em um tempo de dez anos contra sua pessoa acontecem também por outros motivos, e vou elencá-los, com a ajuda fundamental de Stanley Burburinho:
1 – Foi José Dirceu, quando ministro da Casa Civil (chefe do Gushiken), que deu a ideia de se regular as mídias. Criar uma Ley De Medios, e a Globo não perdoa;
2 – Foi José Dirceu que acabou com a farra da Globo. Antes de Lula, toda a verba de publicidade do governo era dividida somente entre 499 veículos;
3 – E para cada R$1,00 de verba publicitária do governo, a Globo ficava com R$0,80 (80%);
4 – José Dirceu redistribuiu a verba publicitária do governo entre cerca de 9 mil veículos. Antes eram só 499. Agora, Globo só recebe 16% do total;
5 – Foi ideia do José Dirceu criar o Ministério das Cidades que acabou com o poder dos coronéis locais. Oposição e velha mídia não perdoam;
6 – Foi José Dirceu quem acabou com a farra dos livros didáticos que eram publicados pela Editora Abril e Fundação Roberto Marinho;
7 – Foi José Dirceu que articulou e viabilizou a governabilidade do governo Lula;
8 – Foi José Dirceu que barrou Demóstenes de ser o secretário Nacional de Justiça. Demóstenes e Cachoeira se juntaram para ferrar José Dirceu;
9 – Por que José Dirceu sofre perseguição do Ministério Público? Em 2004, foi ideia de José Dirceu de se criar um controle externo sobre o MP;
10 – Por que Peluso não gosta de José Dirceu? Márcio Thomaz Bastos indicou a Lula o nome de Peluso para o STF. José Dirceu barrou. Márcio Thomaz Bastos forçou a barra;
11 – José Dirceu, quando ministro chefe da Casa Civil, fechou as portas do BNDES à mídia: "Dinheiro só para fomentar desenvolvimento, jamais pagar dívidas";
12 – José Dirceu fez o BNDES parar de financiar as privatizações e deixar de ser hospital para empresas privadas falidas;
A dar os trâmites por findos, o que se percebe é que mais uma vez um poderoso sistema de imprensa empresarial volta seus olhos a José Dirceu toda vez que se quer implicar ou "colar" sua figura e personalidade ao PT, ao Governo Trabalhista, à presidenta Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula, a maior liderança da América Latina e uma das principais do mundo, querendo ou não os jornalistas empregados dessas empresas. José Dirceu não é um político comum. Se o fosse, não seria tão perseguido. A verdade é única: o ódio da direita a Dirceu o transforma em bruxa na fogueira. É isso aí.
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